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Mensagens

A mostrar mensagens de abril, 2018

Gasta

J á gastei todas as palavras que tinha para  vos  convencer. Vi, ouvi, percebi. Indaguei, pedi, resolvi, não resolvi. Fiquei repentinamente muito cansada... Arrastei as minhas tentativas demasiado tempo. Saí ferida, vencida e, ainda, mal convencida. O tempo não perdoa. Os planos são demasiadas vezes interrompidos. Sinto-me vazia. Dentro de mim uma sombra arrasta o cadáver ambulante que me sustenta. Estou cansada... Cansada de Ti, de Vós, até de mim. Agora, aguardo o amanhã. Talvez as nuvens se dissipem e faça, de novo, sol. ( Celina Seabra)

Rei sem trono

Sem a escrita a minha vida não teria sentido. Seria alma enrugada, amachucada, embrulhada para dentro. Escrevo para falar o que não digo aos outros e aquilo que não sabem ler em mim. Escrevo para crescer na intimidade com que me aproximo da palavra. Escrevo para soltar o pássaro que se perde na gaiola à qual se acomodou. Escrevo para libertar a raiva, o terror, a revolta que me torna monstro. Escrevo para educar a Razão, para a libertar da Emoção. Escrevo para marcar o meu lugar, para brasonar o meu sangue que imagino eterno. Escrevo para pedir perdão. É a minha orientação para to pedir a ti. Escrevo sob inspiração, contra a Razão que me impõe um fim. Este é o meu legado. Íntimo, pobre, por vezes, pensado. Mas é a recompensa deste meu reinado. Com um único trono: o de um coitado. ( Celina Seabra)
Hoje mergulharia na água límpida deste rio que se espreguiça ao longo da cidade. Entregar-me-ia ao abismo, ao esquecimento, à evasão.