Há olhares que entram por dentro de nós
e invadem-nos a alma.
São tão prescrutadores que nos fazem chorar.
Há silêncios que soam a música e a afagos. E tenho receio de os deixar ir.
Há toques que apesar de recentes, já eram familiares.
São detalhistas, esmiuçadores sem serem maliciosos.
Há raivas que se contém quando o desejo é contestar... até esbofetear.
Há olhos que não cruzam os teus: têm medo de ver, pois podem perder a insolência.
Há gente que transforma em abrolhos o caminho dos outros.
São pedras retorcidas, enviesadas, que esqueceram o Escultor.
Há palavras que nunca são música. São gotas de chuva.
Há irmãs que já se conheceram. Hoje mascararam os sorrisos.
Há mãos que anseiam por uma comunhão solene, mas o mundo permanece surdo.
Celina Seabra
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