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Mundo imperfeito

Um mundo perfeito!
Onde está ele?
As notícias descortinam diariamente roubos, injustiças, corrupção, crime, violência, morte...
O Homem tornou-se predador na sociedade que construiu.
A selva de pedra materializou-o e dentro de si crescem muros, grades, charcos.
A luz escondeu-se algures e a sombra tortura os pensamentos bons.
Aos poucos foram desaparecendo os valores essenciais à boa convivência: o respeito, a educação,  a solidariedade, os gestos que tocavam de sorrisos a alma da gente.
Foi-se o " desculpe " e impôs-se a lei do mais forte.
Foi-se a gentileza e as palavras asquerosas, amargas, fedorentas ecoam por toda a parte.
Já ( quase) ninguém tem vergonha, pudor...
Reina a falta de decoro, o desafio, a petulância.
Alude-se ao sexo, às drogas, às guerras como se fizessem naturalmente parte da vivência humana.
Descuram-se os amigos, troca-se o amor pelo jogo, pela bebida, por uma noite viciante,
Afugenta-se o silêncio para se viver o barulho.
Esquecem-se do céu, do sol, da natureza e das flores para se respirar o mundo virtual.
Deixa-se de ler e de conversar e aposta-se no irreal.
Maltratam-se os fracos e os velhos.
Matam-se os filhos, as esposas, as mães...
Agridem-se os pais e grita-se " Não. Não. Não".
A paz desconstrói-se.
E o planeta deixou de ser do Homem para ser do macaco, do palhaço, do ordinário, do "filho da puta!"
Mundo imperfeito.

( Celina Seabra)

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DRAGÃO DE FOGO

Um gigantesco  incêndio  lavra o meu país. É tão pequeno, este cantinho à beira-mar, e tão grande o dragão que há já alguns dias Tomou posse deste pequeno jardim… É um ser feroz, uma alma diabólica, egoísta, Que saiu das profundezas do inferno Onde estivera hibernado, e teima em fustigar de labaredas cintilantes um cantinho que já fora verde, muito verde, quase de encantar… A cauda chamejante, magnânima,  serpenteia  o meu Portugal E a alma diabólica, impetuosa, continua a criar paisagens dantescas. E sobre nós, um céu de bronze, asfixiante… As noites surgem  avermelhadas e fuliginosas Como se tivessem acendido milhares de archotes. Ao redor, paira a cinza e as faíscas queimam as fagulhas Que já foram pinho… Mas o dragão não é fácil de atacar. Cavaleiros da paz constroem armadilhas e lutam Dia e noite a fim de vencer a Besta. Vidas são dizimadas, ceifadas como ervas daninhas… Ao dragão nada importa a não ser o prazer...
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