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Meditação

 Criança de ontem, por onde andas?

O que contam os teus olhos decorados de rugas?

Que histórias relatam as mãos com que construíste a vida?

Onde guardaste as lágrimas que nem sempre escondeste?

E os risos, ainda os guardas no tesouro das tuas memórias?

Às vezes, vejo-te espreitar para dentro do livro que redigiste e roubo-te um sorriso escondido e um

 suspiro nostálgico...

Guardaste a saudade num cofre que só tu abres...

Por vezes, debruças-te à janela e desfolhas as mágoas que secaste, para hoje as deixares partir sem

 sentimentos. 

Foram-se...

O tempo passou por ti, mas trajou-te de recompensas.

Continuas íntegra e fiel aos teus princípios.

A maldade fez-te vacilar, mas a Bondade foi a tua segurança.

A tua insegurança face ao amor fê-lo brotar puro, na tua aceitação.

As amizades certas, ruíram como um baralho de cartas colocado na vertical. Fizeram-te perder tempo 

com falsas esperanças. Desapontamentos que se desataram com o tempo. Porque o tempo tudo cura,

 tudo sara...

O caminho certo emborcou numa encruzilhada e

as dúvidas iluminaram-se como fogo de artifício.

Mas amanheceu e a noite trouxe luz e brilho. 

Abriu-se a janela e a brisa puxou-te consigo.

Foi só um empurrãozinho. 

O suficiente para apreciares de novo a viagem.

Agora, sem ansiedades, porque atrofiam os sentidos e tu precisas deles para apreciares a paisagem.


Até já!




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DRAGÃO DE FOGO

Um gigantesco  incêndio  lavra o meu país. É tão pequeno, este cantinho à beira-mar, e tão grande o dragão que há já alguns dias Tomou posse deste pequeno jardim… É um ser feroz, uma alma diabólica, egoísta, Que saiu das profundezas do inferno Onde estivera hibernado, e teima em fustigar de labaredas cintilantes um cantinho que já fora verde, muito verde, quase de encantar… A cauda chamejante, magnânima,  serpenteia  o meu Portugal E a alma diabólica, impetuosa, continua a criar paisagens dantescas. E sobre nós, um céu de bronze, asfixiante… As noites surgem  avermelhadas e fuliginosas Como se tivessem acendido milhares de archotes. Ao redor, paira a cinza e as faíscas queimam as fagulhas Que já foram pinho… Mas o dragão não é fácil de atacar. Cavaleiros da paz constroem armadilhas e lutam Dia e noite a fim de vencer a Besta. Vidas são dizimadas, ceifadas como ervas daninhas… Ao dragão nada importa a não ser o prazer...
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