Rumo a nenhures,
viajo todos os dias.
Vou,
guiada por regras e estereotipias,
mas sigo.
Sou civilizada. Li o manual Socialmente Correta.
Presa ao volante, penso.
E pensar exige esforço, concentração e eu não preciso de pensar.
Quero ir, mas sem rumo. Ir.
Sem barreiras,
sem laços que atrofiem ou nos prendam a sentimentos que moem.
Quero as manhãs sem agendamentos.
Quero construí-las, porque vivo,
não porque tem de ser.
Fiz-me escrava de um bem-estar supérfluo.
O importante não é correr atrás de manhãs incertas.
O importante é ir,
respirar paz,
tragar a serenidade,
batizar-me neste céu que todos os dias se abre para mim.
Este é o meu mar e eu pertenço a este céu.
(Celina Seabra)
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