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Mensagens

A mostrar mensagens de novembro, 2021

Meditação de outono

 As árvores vestiram-se de outono e surpreenderam o meu olhar. Êxtase de quem se benze para mais um dia  que nos cumprimenta com um sorriso tutti frutti. Cores mescladas de diospiro maduro, chá de tília e limonete, banana suculenta, com framboesas a decorar...  Hummm!!! Já apetece degustar! Outono mágico, vestido de mago embriagado. Trapalhão, bem disposto, a cantarolar,  arrasta pelo chão o casacão remendado a flores e folhas secas que guarda para se almofadar, quando o frio apertar. É o outono apressado, davinci muito ocupado, músico autodidata  que sopra a caixa da chuva  e nos troca as horas que o tempo gosta de comandar. (Outono, altura de reciclar humores,  meditar temperamentos, recriar entusiasmos, renascer por dentro.) - Senhor Outono, Não se esqueça, venha de mansinho.  Afaste depressões, ciclones e ventanias, Traga calor e alguma energia,  pois o frio, cria em mim, alguma nostalgia  mesclada nesta escrita  que já soa a me...

Visionária

 Vivi um tempo pensando estar ali para sempre. O relógio girou os anos, como se soubesse de cor os dias que pensava serem meus. Os passos eram os mesmos e as vozes reconhecidas e, algumas, gastas, vestiam-se com os defeitos e as virtudes que aprendeste a reconhecer. Um dia, a roda do tempo encravou,  só no teu tempo. Sussurrou ser tempo a mais e estar adormecido. Sacudiu o pó que limpaste todos os dias  para desarrumar o trilho que deixaste pisado, porque fora sempre o mesmo. Leste: "rua sem saída". Olhaste ao redor e a paisagem, verde fixo, que fora sempre a mesma, pintou-se de cinzento. O sol não deixou de brilhar. Só deixou de focar o sítio que já era teu, sem ser teu. Abriu-se uma nova estrada e sentiste que  eras estranha. Intrusa numa vida que deixara de ser agendada. Envelhecida, mas ainda não gasta. Entorpecida, mas não tolhida. Míope, mas não cega. Por isso, Abriram-se pontes e viste horizontes.  Os sapatos incómodos deram lugar aos pés libertos, que pu...