Quis inventar um tempo que já passou. Sentia falta da cumplicidade e da satisfação plena. Eu era completa e não sabia, mas o espelho que eu serigrafei era demasiado frágil e caiu. Pensei colá-lo, restaurá-lo, mas sem o fogo intenso que o derrete não pude modelá-lo na perfeição. As impurezas entranharam-se até ao tutano, faltou-me o sopro (saiu grito) e não fui capaz de o manter límpido como o fantasiei. Fui idealizadora e o reflexo que sonhei era só o meu e o de mais ninguém. Manchas e bolhas surgiram para o deformar. Faltou-me a temperatura certa ou, então, Deveria tê-lo deixado ficar assim: despedaçado, resfriado e junto de mim. (Celina Seabra)
Pensamentos em forma de poesia