Quis inventar um tempo que já passou.
Sentia falta da cumplicidade e da satisfação plena.Eu era completa e não sabia,
mas o espelho que eu serigrafei
era demasiado frágil e caiu.
Pensei colá-lo,
restaurá-lo, mas sem o fogo intenso que o derrete
não pude modelá-lo na perfeição.
As impurezas entranharam-se até ao tutano, faltou-me o sopro
(saiu grito)
e não fui capaz de o manter límpido como o fantasiei.
Fui idealizadora e o reflexo que sonhei era só o meu
e o de mais ninguém.
Manchas e bolhas surgiram para o deformar.
Faltou-me a temperatura certa ou, então,
Deveria tê-lo deixado ficar assim:
despedaçado,
resfriado
e junto de mim.
(Celina Seabra)
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