Desde menina desejei abraçar a profissão de professora.
Gostava de crianças, de brincar, de sonhar, de ensinar e também de me deixar prender pelo saber.
Era tímida, mas muito sonhadora. As minhas melhores vivências foram-me oferecida pela escrita. As palavras, as frases nem sempre certas, permitiram-me viajar e realizar aquilo que apenas era possível através da imaginação.
Tornei-me adulta e fiz-me professora. Primeiro, em passos lentos, ainda insegura; depois mais madura, mais segura, mais dotada a cativar quem tinha à minha frente. Os primeiros alunos davam-me " luta ", pois tinham ânsia de saber. E um professor, claro, tem de manter-se informado. E sentia que valia a pena aprender para ensinar porque o feed-back era recíproco.
As turmas eram mais pequenas e os alunos mais quietos, mais respeitadores, mais cientes da distância que separa o Mestre do discípulo.
Nunca gostei de ser autoritária e foi sempre com alguma candura, carinho, que cheguei aos alunos mais inquietos.
Hoje as coisas mudaram. O meu mundo de professora foi abalado por alunos que se dizem hiperativos, mas que demonstram uma falta de educação extrema! Não têm consciência de que devem respeitar quem é mais velho e, neste caso, o professor. Questiono-os: " Também fazem o mesmo quando estão à frente de um médico, de um engenheiro ou de um juiz? E quando fazem o vosso parte-time, também se comportam assim?" E este " assim" é: falar alto, rirem sem motivo nenhum; desestabilizar a aula que se preparou com amor e minúcia; provocar o professor; usar palavras que sempre achei que só os muitos ignorantes usariam... e não se consciencializam de que o professor faz do seu trabalho a sua profissão - investe no que faz; abdica dos seus momentos de lazer; não tem fim-de-semana para passear, para não fazer rigorosamente nada; põe em segundo plano a família; desiste de uma ida ao café...
O professor preparou o médico, o engenheiro, o juiz, o primeiro ministro... Então, porque somos assim tratados? O que mudou desde há 20 anos? Eu também fui aluna. Eu também respeitei os meus superiores. Eu também tive sonhos. Eu também quis ser uma adulta feliz e respeitada... E os meus pais eram gente simples mas de altos valores. Com a 4ª classe apenas, ensinaram-me a respeitar, a ouvir, a ser gentil, a dar...
O que mudou? O que há de mudar?
Sem respeito como se pode respeitar?
Sem dar como se pode receber?
Gentileza gera gentileza.
É com os pequeninos que continuo a trabalhar melhor. É com estes que gasto tempo a ensinar-lhes que os valores não mudaram assim tanto. Que é preciso respeitar para ser respeitado; que é preciso ouvir para ser ouvido; que é preciso dar-mos com as duas mãos para recebermos com uma; que é preciso amar o outro para também, sermos amados. Que não é com desculpas constantes que nos tornamos melhores; que não é com o " sem querer " esfarrapado que alivio a dor daquele que atingi...
Que devemos usar as palavras mágicas: " bom dia!; obrigado(a); desculpe; por favor; com licença; até amanhã...".
( Celina Seabra )
Gostava de crianças, de brincar, de sonhar, de ensinar e também de me deixar prender pelo saber.
Era tímida, mas muito sonhadora. As minhas melhores vivências foram-me oferecida pela escrita. As palavras, as frases nem sempre certas, permitiram-me viajar e realizar aquilo que apenas era possível através da imaginação.
Tornei-me adulta e fiz-me professora. Primeiro, em passos lentos, ainda insegura; depois mais madura, mais segura, mais dotada a cativar quem tinha à minha frente. Os primeiros alunos davam-me " luta ", pois tinham ânsia de saber. E um professor, claro, tem de manter-se informado. E sentia que valia a pena aprender para ensinar porque o feed-back era recíproco.
As turmas eram mais pequenas e os alunos mais quietos, mais respeitadores, mais cientes da distância que separa o Mestre do discípulo.
Nunca gostei de ser autoritária e foi sempre com alguma candura, carinho, que cheguei aos alunos mais inquietos.
Hoje as coisas mudaram. O meu mundo de professora foi abalado por alunos que se dizem hiperativos, mas que demonstram uma falta de educação extrema! Não têm consciência de que devem respeitar quem é mais velho e, neste caso, o professor. Questiono-os: " Também fazem o mesmo quando estão à frente de um médico, de um engenheiro ou de um juiz? E quando fazem o vosso parte-time, também se comportam assim?" E este " assim" é: falar alto, rirem sem motivo nenhum; desestabilizar a aula que se preparou com amor e minúcia; provocar o professor; usar palavras que sempre achei que só os muitos ignorantes usariam... e não se consciencializam de que o professor faz do seu trabalho a sua profissão - investe no que faz; abdica dos seus momentos de lazer; não tem fim-de-semana para passear, para não fazer rigorosamente nada; põe em segundo plano a família; desiste de uma ida ao café...
O professor preparou o médico, o engenheiro, o juiz, o primeiro ministro... Então, porque somos assim tratados? O que mudou desde há 20 anos? Eu também fui aluna. Eu também respeitei os meus superiores. Eu também tive sonhos. Eu também quis ser uma adulta feliz e respeitada... E os meus pais eram gente simples mas de altos valores. Com a 4ª classe apenas, ensinaram-me a respeitar, a ouvir, a ser gentil, a dar...
O que mudou? O que há de mudar?
Sem respeito como se pode respeitar?
Sem dar como se pode receber?
Gentileza gera gentileza.
É com os pequeninos que continuo a trabalhar melhor. É com estes que gasto tempo a ensinar-lhes que os valores não mudaram assim tanto. Que é preciso respeitar para ser respeitado; que é preciso ouvir para ser ouvido; que é preciso dar-mos com as duas mãos para recebermos com uma; que é preciso amar o outro para também, sermos amados. Que não é com desculpas constantes que nos tornamos melhores; que não é com o " sem querer " esfarrapado que alivio a dor daquele que atingi...
Que devemos usar as palavras mágicas: " bom dia!; obrigado(a); desculpe; por favor; com licença; até amanhã...".
( Celina Seabra )
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