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Alma

A televisão, o cinema, o teatro trazem magia.
Musicais entranham-se por todos os poros do meu corpo e entram no sangue que me percorre todas as veias.
Os sentimentos são múltiplos. São fogo de artifício. Uns explodem de imediato e fazem bater mais forte o coração. Outros entram pela visão em forma de palmeira, de crisântemo e de salgueiro e contemplamos extasiados as estrelas que caem sobre a Terra. Outros são tão brilhantes e tão exóticos que nos fazem chorar. Um choro pequenino que brota dentro de ti.
E nesse momento sinto que faço parte daquela ilusão. Também eu sou utopia e outrora fui maga, bailarina, mezzo-soprano, atriz, escritora... E em mim vivo uma paixão que não é real, mas é essa que me faz vibrar. Danço em pontas dos pés e há ritmo e harmonia nos gestos que traduzem os cinco sentidos. Canto e sou soprana e vivo a história de amor de O Fantasma da Ópera. Sofro com a pobreza de Cosette e a bondade de Jean Valjean em Os Miseráveis. Fantasio-me de Rei Leão. Vibro com o Circo de Soleil que conjuga a ginástica, a dança, o canto, as luzes, a criatividade...
Parece-me, então, que é essa a minha realidade. O corpo permanece, desarmonioso e até trôpego. Mas a alma... Essa esvoaça para o mundo da felicidade. Ali sei quem sou.
Aqui não sou.
Ali realizo-me e sou satisfação.

( Celina Seabra)

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DRAGÃO DE FOGO

Um gigantesco  incêndio  lavra o meu país. É tão pequeno, este cantinho à beira-mar, e tão grande o dragão que há já alguns dias Tomou posse deste pequeno jardim… É um ser feroz, uma alma diabólica, egoísta, Que saiu das profundezas do inferno Onde estivera hibernado, e teima em fustigar de labaredas cintilantes um cantinho que já fora verde, muito verde, quase de encantar… A cauda chamejante, magnânima,  serpenteia  o meu Portugal E a alma diabólica, impetuosa, continua a criar paisagens dantescas. E sobre nós, um céu de bronze, asfixiante… As noites surgem  avermelhadas e fuliginosas Como se tivessem acendido milhares de archotes. Ao redor, paira a cinza e as faíscas queimam as fagulhas Que já foram pinho… Mas o dragão não é fácil de atacar. Cavaleiros da paz constroem armadilhas e lutam Dia e noite a fim de vencer a Besta. Vidas são dizimadas, ceifadas como ervas daninhas… Ao dragão nada importa a não ser o prazer...
Gosto tanto de uma boa companhia! Que desagradável, quando te substituem pelo telemóvel!( E falamos nós dos mais novos!) Gosto de estar acompanhada e de acompanhar. Abrando o passo para que o Outro possa caminhar ao meu lado. Não sirvo para ilha, ainda que procure o silêncio para me escutar e renovar. Prefiro a troca de palavras e até comer de boca cheia para responder a quem questiona. Que desagradável é, fugir do olhar de quem está contigo, refugiar - se no mundo do lado de lá, sem notar quem está de cá. Algo me diz que é falta de educação, mas quem sou eu para apontá-lo a quem já passou há muito os 18 anos!? Não tenho jeito para o silêncio quando sou companhia. Mas respeito. Porém, também reflicto : nem sabes tu, desse lado que és tu, que acabaste de perder uma companheira. 🤔 (Celina Seabra)
Entre a gente também há solidão. - Foram mais ou menos estas as palavras da Raposa ao Principezinho. Sábia afirmação. Sorriso pintado é colocado tantas vezes para disfarçar o smile da tristeza, do vazio. Hoje ninguém está só. O ruído atordoa quem se extingue por dentro. A diferença preenche o desequilíbrio. Mais uma madeixas diferentes, uns tattoos extravagantes, uma maquilhagem exuberante e uma indumentária de outro mundo e ficamos sãos! Somos o que vendemos por fora e encobrimos os sentimentos que só angústiam e não resolvem a qualidade de vida. A solidão não faz amigos. Vende-se a felicidade e arranjam-se mil formas de preencher o vazio que se encharca com comprimidos, com alucinógeneos, com apostas miraculosas, com tecnologias diversas que nos encantam, absorvem e cansam... E precisamos de dormir. Não é preciso pensar. Embebedamos a Razão que é má companhia. A tristeza é barreira ao sucesso e o mundo é dos que constroem sucesso e aparentam ser Tão Felizes! (CELINA Seabra)