Durmo.
Um sono incómodo, irrequieto, cheio do turbilhão da vida que deixou de ter o sol como relógio.
Stress.
Angústia.
Incertezas.
Outrora sonhava acordada.
Outrora eram canções de embalar e adormecia.
Por vezes, o sonho dava continuação ao filme que formara em imagens antes e projetava-se, agora, na tela da imaginação.
Estrelas puxavam-me num voo alto e podia atingir o céu. O universo era o meu caminho. O Amor sentava-se ao meu lado e contava-me histórias com um final feliz.
Sentia-me sibila e acordada escrevia o meu destino e, por vezes, o dos outros.
Num torvelinho e agasalhada dos temores que me perseguiam lá longe, não tinha medo.
A realidade era outra. A taquicardia da rotina que impede o Homem de ver a beleza que o rodeia, agarrava-me com as suas mãos gélidas e o equilíbrio tornava-se pânico, desassossego, sofrimento.
O Medo tornava-se Rei e Senhor.
A prece vinha exorcizar o pânico e só assim me aventurava no que apelidam de Vida.
Hoje já não sonho acordada. Não vale a pena. Perdeu o sentido.
Era um jogo camuflado de felicidade onde me acoitava para não viver.
Construíra quimeras que eram fantasmas disfarçados de cavaleiros protetores da minha paz.
Hoje valorizo o céu, o sol, aos quais cumprimento com um abraço e é perante eles que me benzo todas as manhãs.
Hoje aprecio a terra onde planto flores e admiro-as no seu crescimento. Protejo-as das ervas daninhas que arranco sem piedade. ( Elas hão de rebentar, bem sei. E, também, elas são belas.)
As cores inebriam a menina do olho e sinto-me extasiada perante a força da Mãe Natureza.
Aprendo com a aranha cuja teia resiste à chuva e ao vento, ainda que eu dali a arranque! Ela esconde-se. A teia há de aparecer de novo: mais resistente e mais brilhante. E ela mais persistente e mais cautelosa.
Fotografo o caracol - aquele pequeno bichinho, que atirado para o fundo do balde e coberto com o que não se aproveita, quase cego, apenas tato e audição, chega à superfície ainda mais lustroso e radiante. É o brilho da sua coragem que me instrui.
E é então, que em vez de ser pensante, racional, desejo fazer parte desse Universo: ser flor, árvore, pássaro, cão, grilo, aranha, erva... Desprovida de leis. Irracional para com as injustiças.
Talvez pedra...
Pedra não sente.
( Celina Seabra)
Estrelas puxavam-me num voo alto e podia atingir o céu. O universo era o meu caminho. O Amor sentava-se ao meu lado e contava-me histórias com um final feliz.
Sentia-me sibila e acordada escrevia o meu destino e, por vezes, o dos outros.
Num torvelinho e agasalhada dos temores que me perseguiam lá longe, não tinha medo.
A realidade era outra. A taquicardia da rotina que impede o Homem de ver a beleza que o rodeia, agarrava-me com as suas mãos gélidas e o equilíbrio tornava-se pânico, desassossego, sofrimento.
O Medo tornava-se Rei e Senhor.
A prece vinha exorcizar o pânico e só assim me aventurava no que apelidam de Vida.
Hoje já não sonho acordada. Não vale a pena. Perdeu o sentido.
Era um jogo camuflado de felicidade onde me acoitava para não viver.
Construíra quimeras que eram fantasmas disfarçados de cavaleiros protetores da minha paz.
Hoje valorizo o céu, o sol, aos quais cumprimento com um abraço e é perante eles que me benzo todas as manhãs.
Hoje aprecio a terra onde planto flores e admiro-as no seu crescimento. Protejo-as das ervas daninhas que arranco sem piedade. ( Elas hão de rebentar, bem sei. E, também, elas são belas.)
As cores inebriam a menina do olho e sinto-me extasiada perante a força da Mãe Natureza.
Aprendo com a aranha cuja teia resiste à chuva e ao vento, ainda que eu dali a arranque! Ela esconde-se. A teia há de aparecer de novo: mais resistente e mais brilhante. E ela mais persistente e mais cautelosa.
Fotografo o caracol - aquele pequeno bichinho, que atirado para o fundo do balde e coberto com o que não se aproveita, quase cego, apenas tato e audição, chega à superfície ainda mais lustroso e radiante. É o brilho da sua coragem que me instrui.
E é então, que em vez de ser pensante, racional, desejo fazer parte desse Universo: ser flor, árvore, pássaro, cão, grilo, aranha, erva... Desprovida de leis. Irracional para com as injustiças.
Talvez pedra...
Pedra não sente.
( Celina Seabra)
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