Soubera eu cantar e louvaria o mundo eternamente.
Soubera eu voar e emigraria com as aves que procuram lá longe,
aconchego e calor,
Soubesse eu escrever e não largaria a pena enquanto a mão não me doesse.
Soubesse eu pintar e gravaria nas telas toda a imensidão mágica que vejo ao anoitecer.
Pintaria o silêncio e moldaria em barro as palavras que se esquecem e fazem frio cá dentro.
Soubesse eu, tocar e viajaria em notas musicais, envolvida em tangos sensuais, em musicais intemporais ou em simples duetos rurais.
Soubesse eu bordar e teceria a minha alma a ti...
Fosse eu médica e cirurgicamente clonaria a tua força e sede de viver.
Ah, e se fosse maga, feiticeiro de Oz?
Inventaria uma Irmã só para mim!
Apagaria esta Dor que teima em crescer e parece não ter fim.
Fosse eu os Outros e moldá-los-ía com afagos e beijos de cetim.
Fosse eu árvore e protegeria todos os bosques que imagino, todos os ninhos que não serviram de berço, todas as flores que nem em broto rebentaram, todos os bichinhos que não proliferaram.
Fosse eu Sol e iluminaria de sorrisos todas as bocas que o desconhecem.
Fosse eu Lua e silenciaria os ruídos do mundo ( Minha capa prateada de luz e estrelas seria o narcótico estabilizador da Paz.).
Se fosse estrela protegeria da noite os indefesos...
Se...
Mas só sou eu. Pequena sombra humana de pensamentos ao avesso.
( Celina Seabra)
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