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Mensagens

A mostrar mensagens de junho, 2018

Depressão

A força, o empenho, a autoconfiança, a determinação, o otimismo, o sonho que transparecem nas palavras que Te ouço são pedras no charco em que me transformei. Inveja? Falta de Fé? Baixa auto estima? Amor-próprio em queda ? Depressão? Não sei... Só sei que um vazio habita a essência de que sou feita. Falta-me brio pelo meu eu. Alguém quebrou o espelho que me diria " és a mais bela"... Porque não acredito? Porque tenho Medo? Sentimento de inquietação. Fobia social. Apoquentação. Asfixia... Monstros que vivem em mim. ( Estrelinha)

ESPELHO

Não sei ser triste a valer. As lágrimas esfregam as mágoas Que se acumulam à volta da emoção. A voz traduz, por hábito, a tristeza que faz de mim fraqueza. E é teimosa. Quando se senta ao meu lado é para ficar. Traz algemas e prende-me ao vazio e à falta de noção. Deixa-me cansada. Abri-lhe demasiadas vezes a porta e ainda que a tranque, há sempre uma janela que se abre e a deixa passar. Insiste em fazer-me companhia. Desfragmenta-me em vidrinhos que perderam o brilho. De vez em quando construo com eles poemas tristes. Descuido-me e há sempre algum que abre o que era cicatriz. E o sangue corre livre. É o alerta para não continuar. O espelho há- de permanecer assim: fragmentado. ( Celina Seabra) Dia 19/06/2018

PANDORA

Sou lua. Tu és o Sol. És magia, brilho e sorriso. És caixinha de surpresas incrustada de joias singulares. Eu sou pandora. Fiz-me enigma… Mas sou tão fácil de ler… Outrora fui epicentro e o sol girava à volta da lua. Hoje sou a tua sombra. Invejo o que não sou e odeio a mancha com que mascarei o meu caráter. Sou tão fácil de ler… Mas guardei o sorriso num baú antigo. Perdi-lhe a chave e o ferrolho empedrou. E falta-me a força para o quebrar. Receio as teias que se misturaram com o âmago que ali encerrei. E talvez não reste esperança. Sou lua e não possuo luz própria. Mas sou tão fácil de ler… ( Celina Seabra)

Abraçar custa tão pouco

Dá-me um abraço e encosta o teu coração ao meu. Vê como bate em sintonia com o teu. És meu porto de abrigo. Teus braços são o ninho que me protegem das tormentas que ficam fora dos muros onde sou feliz. Embala-me e sê o meu anjo da guarda. O pulsar dessa caixinha de vida que és Tu, tranquiliza e anestesia a ilha apreensiva que construí em mim. ( Celina Seabra)
I ncompreendida, assim me fiz. Castelos loucos têm sido derrubados. Loucos porque acreditava ingenuamente na entrega, na aliança de 1+1 somarem dois. Devoção, comunhão, partilha… em troca, nada! Imaginei-me anjo, moldaram-me demónio. Pedi verdade, recebi mentira e fingimento. Eu não sei fingir – ou não sabia fingir. Procuro o Anjo que, talvez, ainda exista em mim. Despertam-me o demónio, a ira e procuro a esquivança. Riem-se do conselho, da advertência, da verdade. Troçam da sinceridade, da franqueza, da instrução, da competência. O “ vil metal” turva a razão. A palavra aprisiona-se na garganta. …………………………………………………………............................ Mas há um lugarzinho especial onde sou feliz. É ali que ainda, mora o Anjo que me desenhou. O mundo rabiscou a imagem da perfeição. Perdi as asas. Ganhei correntes. E sinto falta da bondade e da gentileza que moravam naquele olhar que acreditava nos Outros. Passei a ser como o Outro. Por vezes, apenas, a borra do café que ...

Meu coração

Dentro da gaiola fechada bate aquele coração, tem o tamanho de um pulso mas desejos de um campeão. Seu cantar soa a lufada, balada que sob impulso lhe permite altos voos Porém, enlaça-se a corrente dourada. As cadeias que o prendem facilmente se desprendem...  é passarinho medroso, hesitante, meticuloso. Teme perder as asas, perder-se por alta estrela que do Céu constante o chama. Vê cilada que se trama na liberdade que o reclama. Não pertence a este mundo. Seu viver é o de um moribundo. Algo mais alto o alicia... Parece-lhe haver malícia. Vive em gaiola de prata,  chave e cadeado lhe pertencem Mas os medos sempre o vencem. Pobre coração solitário, refugiado entre muros És teu próprio adversário. Poderias ser dono da Fama coroar-te de glória sentes-te pobre, pequenino inventas-te criptograma. Quem o decifrará? "o futuro a Deus pertence" Coração caprichoso egoísta e orgulhoso. Abraças  a emoção Recusas a Razão. ( Celina Seabra) ...

Crisálida

Este casulo em que m´encerro protege-me dos olhos do mundo. As horas não passam. O tempo é de encantamento. Despida de preconceitos, não ouço a malícia dos Outros. Aqui sou Eu, sou a princesa, a fada que não teme tempestades, porque o seu voo é raso e sem curvas. Despida de anseios, afastam-se os pesadelos. Vestida de humildade, afugento o olho ambicioso. Nada importa do que está para além da capa protetora que é a minha crisálida. Silêncio, paz, alegria, é tudo o que eu preciso. (Celina Seabra)

Eu e os Outros

Feitos da mesma matéria Distintos nos feitios Moldes imperfeitos que buscam o infinito e a perfeição, Sou eu, és tu peças de um xadrez em tabuleiros desiguais. Peões entre Bispos inquisidores, Reis megalómanos e Rainhas de cristal. Xeque-mate. A vida troca-nos as voltas.  (Celina Seabra)