Foi-se embora a minha Loucura.
Ontem
era prisioneira sua.
Hoje,
liberta das suas garras que me amedrontam, caminho dentro da Razão.
Temo
a fera que se aninha inexplicavelmente dentro de mim.
Ocupa
um território que é meu e que desocupo porque me destrona.
Temo
as suas depressões, as suas fúrias repentinas, o seu masoquismo que me flagela
a consciência.
Deixo
de ser eu, sem deixar de o ser, porque não lhe consigo escapar.
E
magoa-me o entendimento. E dói, dói e cresce a vontade de sacrificar-me.
Todo
o heroísmo passa por imolar no altar da vida a insensatez de passar o
impossível.
Minha
Loucura arrasta no seu manto as minhas ansiedades, os meus gritos mudos, as
minhas revoltas por vingar, as minhas paranóias e a minha diferença…
Não
me dou conta e abro-lhe a porta, como se acordasse e abrisse repentinamente os
olhos para o dia que só começou porque me consciencializei do seu início. Ocupa
todos os meus compartimentos e eu fico pequena para albergar a Loucura que mora
em mim.
Bendita
as lágrimas que se libertam e lavam as paredes que me sufocam! Aos poucos
aliviam a pressão e a psicose esvai-se como se de uma fantasia se tratasse.
Deixou
no seu lugar a Tranquilidade que me repõe sã.
A
loucura foi-se, tal como chegou: inexplicavelmente.
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