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Mensagens

A mostrar mensagens de julho, 2019

Antissocial

Se sou antissocial? Hummm... Quem verdadeiramente me conhece o dirá. Se ser antissocial é gostar de estar sozinha, é afastar-se da agitação, do alvoroço, do diz que diz, então, sim, sou insociável. E apesar de todo o ceticismo que construo em mim, admiro esta posição. Não é para todos, na verdade. Mas a vida e o tempo encarrega-se disso. Dói estar só? Dói mais a desilusão. Amo o silêncio. Não aquele profundo, que incomoda e nos paralisa e nos tira as energias. Amo o silêncio cálido, aquele que nos abraça e nos tranquiliza com sons que só a natureza consegue traduzir. Amo as flores. Não as que corto ou me oferecem para colocar numa jarra , mas as que aprecio nos jardins, nos vasos que enfeitam varandas, nos peitoris que alargam as janelas,  no manto que a mãe natura tece espontaneamente. Amo a primavera e o sol que brilha sem queimar, a brisa que desalinha sem magoar, os dias frescos sem gelarem... Aprecio o cheiro da terra, recentemente...

Sociedade de faz de conta

Como se põe de lado a desilusão? Como se faz de conta que se vive num mundo  perfeito se Tu sabes que é um mundo de faz de conta? Onde posso comprar uma máscara de sorriso largo? Como se fortalecem as amizades? Como se perdoa a frustração? Como olhar quem se disse importante e depois desapareceu como se tu não fosses nada? Como continuar a amar quando se distanciam corações e vivências? Como desculpar quem tem tempo para facebooks e mensagens moralizantes se nunca te devolveram a tua chamada e não quiseram ouvir a tua voz? Como esquecer os abraços que deste, singelos, verdadeiros, perfumados de coração para coração, se te esqueceram? (...) Sociedade de faz de conta... A mim faz-me murchar por dentro. ( Celina Seabra )

Mentira

Se sou fingida? Talvez. A situação escolhe, por vezes, a posição. Se sou mentirosa? Não. Mentira tem pernas curtas - o povo o diz e com razão. Mentira emporca uma relação. Mentira é ratoeira instantânea. Retrai quem é espontâneo. Mentira carrega malícia, malabarismos e muita perícia. Mentira exige escravidão. Para quem crê, é uma deceção... Acreditar? Em quê? Em quem? Frustração, desilusão, desconfiança Passam a ser amigos de eleição. Já o mentiroso vive a sua ilusão. (Celina Seabra)

Acredito

Eu acredito no que vejo. Acredito nas flores, nas aves, nos animais, na relva onde me sento e neste céu que paira sobre nós. Acredito no que sinto. É aquele instinto que nos faz sobreviver e mais tarde dizer “ Afinal, era verdade.” Acredito nas pessoas… Em algumas pessoas. Nas tais que os meus sentidos escolhem e acolhem. E não me venham dizer que as outras são boas, que são fantásticas, senhoras ou senhores do mundo. Não. Acredito no que diz a minha intuição. É um dom. O meu dom. Talvez o teu dom, também. E é nas asas deste que me instruo, que forjo a pessoa que sou eu também. Entraves? Quem os não tem? Barreiras foram erguidas para serem ultrapassadas. É a audácia que nos inspira, é nela que arranjamos a confiança Que não rima com a vingança Nem se chama insolência. É, somente, talismã meu meridiano de sobrevivência. (Celina Seabra)

Borboletas brancas

No meu jardim, passeiam-se duas borboletas brancas. Acho-lhes graças. Pintam-me um sorriso no rosto e despertam-me uma ternura que nem sempre partilho com os outros. Embelezam-me a menina do olho que brinca e bate palmas, fascinada com aquele espectáculo. Se antes havia agitação e uma irritabilidade incontrolável, aquelas borboletas brancas têm o poder de afugentar este mal. Apetece-me abraçá-las, aprisioná-las em mim, fazer delas o fármaco para a bênção dos meus dias. Ah, tudo seria tão fácil se também eu fosse uma borboleta branca! Celina Seabra (Dedicado à Luna e ao Flash) Adivinhem quem são as borboletas brancas?

Dor pequenina

Sim, tentei.  Pelo menos tentei. Quis mostrar que estavam enganados. Quis reivindicar a minha verdade. Palavras soltas...  Levou-as o vento. O tempo amainará esta dor pequenina. É uma dor que não se vê. Remexe-se cá dentro; não sei bem onde, mas incomoda. É um vazio entre a multidão que passa e não repara que tudo passa. É um sangrar que se limpa com a boca, quase invisível, mas dói. Vontade tenho eu de abrir a janela e - tal como um lençol que se agita lá fora para oxigenar - sacudir para bem longe esta dor pequenina que ninguém vê, mas que permanece presa numa cavidade que desconheço. ( Celina Seabra)

Aceitação

Não fui feita para ser escrava da sociedade. Não preciso de muito para ser Feliz. Prefiro o meu lar, a minha solidão porque me sinto tranquila com ela. Não preciso de facebook, nem de Instagram, nem de outra aplicação qualquer para "espiolhar" a vida dos outros. Prefiro a janela de onde posso contemplar o mundo, a gente que passa, os sons que se propagam no ar, o vizinho que trouxe uma namorada nova, a D. Maria que está atenta a tudo o que acontece na aldeia... Mais cedo ou mais tarde, sei de Tudo,  sem querer saber, porque se não o soubesse não pensava, não me afligia, não perturbava a minha alma e não se toldavam de nuvens os meus olhos. Haverá maior felicidade que viver em paz consigo mesma? Chamem-me de anti-social, de Bicho do mato, de antiquada, de caseira, de ultrapassada... Quero lá saber! Para ser feliz só preciso de sentir paz. Fecho os olhos e é tudo tão mais simples! Aceitação. Apenas. Abraço que me sustém à vida. (Celina Seabra)

Hoje

Hoje sacudi a noite dos lençóis abri os olhos ao dia claro brindei a minha essência com uma oração: Hoje vou ser Feliz! Nem de mais nem de menos, apenas o suficiente. (Celina Seabra)