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Mensagens

A mostrar mensagens de setembro, 2019

Alma animal

Alma animal, que vives dentro de mim, quando me descativas? Alma sem rumo, acossada, escondida em dias festivos, anestesiada quando o medo a habita. Alma descoordenada, desgovernada, irracional que sacrifica o amor e a tranquilidade de espírito só porque sim. Alma mimada que se rebela por tudo e por nada. Alma doente que não sorri para a vida, Complica-a. Quem és Tu? Que animal ou demónio ou gente me enfurece? Que luta insana se desenrola num ringue sem árbitro? Que emaranhado de linhas desprotegem os meus sonhos tranquilos? Alma animal, caprichosa, desenfreada, grotesca estrangula teus gritos! Vai-te! Entra nesse transe místico e expele a ira, a inveja e o ciúme! A vida flui com mais suavidade e tranquilidade quando não estás. Deixa o meu Eu procurar livremente a centelha divina que habita em mim. Deixa-me cristalizar junto da energia que exala desse feixe de luz quente e radiante que brilha no interior do meu coração, Não preciso de Ti, ...

Menino-homem

Meu menino-homem, em que pensas? Que sonhos aprisionas? Que caprichos anseias? Que memórias guardas de uma vida serena e doce? O tempo viu-te crescer e, sem dar por isso, deixaste a pupila dos meus olhos. Teus passos aprendidos, percebidos, deixaram de ser pontinhas de pardal Para serem directrizes planificadas. Teus olhos bons procuraram as luzes e as estrelas que se acendem lá fora. Em que meditas, meu menino-homem? Que castelos de ouro buscas? O destino, inevitavelmente, há de conduzir-te à ordem cósmica. Naturalmente serás a adaptação perfeita do lugar a que pertences. Serás a peça singular da engrenagem deste Todo místico e belo. Meu menino-homem, o tempo não para. Teus olhos, sombras das folhas outonais que hoje coroam a minha fronte, São consolo meu. Não te prendo, não. Não posso. Cada ser é feito para aquilo que nasce e para o que faz. Escuta o teu dom. Desenvolve-o. Não o desvalorizes. Segue o teu desígnio, Não o tiranizes. Cora...

Dias sem...

A preguiça surge quando o trabalho desaparece. Ficamos à toa. Vão-se os horários e os dias passam e, outras vezes, arrastam-se. Abrimos os olhos à manhã que nos convida a sair e nos promete mil e uma coisas que não fazemos, porque falta a coragem de sair desta dormência, desta inexistência. A escuridão avisa-nos que a jorna findou. E não fizemos nada. O cérebro grita, alerta: foge desse casulo! Liberta-te das amarras do que não te realiza! Mas o corpo afunda-se  nesse torpor. Não és feliz, mas não o deixas de ser. Fixas-te no meio termo e equilibras-te nessa tranquilidade que te embrutece. Acorda! Sacode esse demónio que corrói a energia, a vitalidade de nos sentirmos vivos! Abre as portas ao dia. Escancara as janelas ao sol. Deixa que te lamba, que te adule, que ocupe dentro de ti o espaço vazio que só mói e destrói. Não deixes que a serpente dos sete pecados mortais te possuam e priorizem o teu estatuto de pessoa, fazendo esquecer-te de que és a imagem de Deus. ...

Mãe

Os filhos crescem e as mães tornam-se pequeninas. Deixam de ser o ornato principal  para ocuparem o local da floreira no canto da sala. Se a luz lhes incidir  continuarão a florir todo o ano. Não serão orquídeas, mas passarão a ser margaridas brancas com coração amarelo. Não serão de perfume estonteante, mas estarão presentes e amortecerão qualquer queda que os filhos derem. Não serão a flor principal, mas não deixarão de ocupar os arranjos e os bouquets principescos. As suas hastes fortes durarão o suficiente para suportar o sol do verão intenso e o frio do inverno que há de passar. E quando os filhos envelhecerem, eles hão de voltar para drenar o solo fértil que lhes deu a vida e os valores e o amor e tudo aquilo que permaneceu encoberto, porque, por instantes, os olhos ofuscaram-se com o Mundo que lhes ofereceu riquezas  e alegrias. (Nunca, a Alegria!) A mãe estará ali, junto à janela, aparentemente esquecida, mas sempre florida para quem a...

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Já tiveste a sensação de querer escavar o teu peito e retirar dele aquela pequena dor que te angustia? Seria mais fácil sermos terra para o poder fazer. Retirar com força as raízes que te perturbam e desgastam, deitá-las fora, remexer a terra, de novo, e semear nela, outra vez, a semente da esperança e da alegria. Depois só terias de adubá-la com a paciência de quem ama, vigiá-la das ervas daninhas e regá-la com a alegria. Seria mais fácil, não achas? (Celina Seabra)