Meu menino-homem, em que pensas?
Que sonhos aprisionas? Que caprichos anseias?
Que memórias guardas de uma vida serena e doce?
O tempo viu-te crescer e, sem dar por isso, deixaste a pupila dos meus olhos.
Teus passos aprendidos, percebidos, deixaram de ser pontinhas de pardal
Para serem directrizes planificadas.
Teus olhos bons procuraram as luzes e as estrelas que se acendem lá fora.
Em que meditas, meu menino-homem? Que castelos de ouro buscas?
O destino, inevitavelmente, há de conduzir-te à ordem cósmica.
Naturalmente serás a adaptação perfeita do lugar a que pertences.
Serás a peça singular da engrenagem deste Todo místico e belo.
Meu menino-homem, o tempo não para.
Teus olhos, sombras das folhas outonais que hoje coroam a minha fronte,
São consolo meu.
Não te prendo, não.
Cada ser é feito para aquilo que nasce e para o que faz.
Escuta o teu dom.
Desenvolve-o. Não o desvalorizes.
Segue o teu desígnio,
Não o tiranizes.
Coração de mãe é gaiola, mas sem portas
para não encarcerar.
Coração de mãe é açúcar caramelizado,
Endurece só
e
para não se sentir trocado, faz-se molho de rebuçado.
Coração de mãe é ninho apertado,
Teu nome,meu menino-homem,
para sempre, nele gravado.
(Celina Seabra)
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