Os filhos crescem e as mães tornam-se pequeninas.
Deixam de ser o ornato principal
para ocuparem o local da floreira no canto da sala.
Se a luz lhes incidir
continuarão a florir todo o ano.
Não serão orquídeas, mas passarão a ser margaridas brancas com coração amarelo.
Não serão de perfume estonteante, mas estarão presentes e amortecerão qualquer queda que os filhos derem.
Não serão a flor principal,
mas não deixarão de ocupar os arranjos e os bouquets principescos.
As suas hastes fortes durarão o suficiente para suportar o sol do verão intenso e o frio do inverno que há de passar.
E quando os filhos envelhecerem, eles hão de voltar para drenar o solo fértil que lhes deu a vida e os valores e o amor e tudo aquilo que permaneceu encoberto, porque, por instantes, os olhos ofuscaram-se com o Mundo que lhes ofereceu riquezas e alegrias.
(Nunca, a Alegria!)
A mãe estará ali,
junto à janela, aparentemente esquecida, mas sempre florida para quem a (re)vê.
E os filhos hão de perguntar-lhe " bem-me-queres?"
Como se duvidassem do amor gigantesco da bonina que só seca quando a arrancam inconscientemente da terra para a abandonarem sem propósito.
E mesmo assim, o que à terra pertence,
a terra recebe para a fazer rebentar outra vez em bondade e em afeto.
- Mãe-me-queres?
- Bem te quero, filho!
(Celina Seabra)
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