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Alma animal

Alma animal, que vives dentro de mim, quando me descativas?
Alma sem rumo,
acossada, escondida em dias festivos,
anestesiada quando o medo a habita.
Alma descoordenada, desgovernada, irracional que
sacrifica o amor e a tranquilidade de espírito só porque sim.
Alma mimada que se rebela por tudo e por nada.
Alma doente que não sorri para a vida,
Complica-a.

Quem és Tu?
Que animal ou demónio ou gente me enfurece?
Que luta insana se desenrola num ringue sem árbitro?
Que emaranhado de linhas desprotegem os meus sonhos tranquilos?

Alma animal, caprichosa, desenfreada, grotesca
estrangula teus gritos!
Vai-te!
Entra nesse transe místico e expele a ira, a inveja e o ciúme!

A vida flui com mais suavidade e tranquilidade quando não estás.
Deixa o meu Eu procurar livremente a centelha divina que habita em mim.
Deixa-me cristalizar junto da energia que exala desse feixe de luz quente e radiante que brilha no interior do meu coração,
Não preciso de Ti, alma destruidora, inimiga minha!
Deixa que esse sol se expanda por todo o meu corpo e desabroche em mandalas coloridas.

(Celina Seabra)

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