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Mensagens

Carta da menina mal-amada

- Povo que hoje choras por mim, não o faças mais. Já não é preciso. Agora estou em paz. O mundo perfeito que procurei está à minha frente. Não há castelos de princesas da Disney, mas há campos infinitos e generosamente bem tratados. Há árvores frondosas e flores de todas as cores. Há aves do céu que suportam o meu voo. Há um arco-íris de esperança e há braços que se estendem ao meu redor e me oferecem coroas de flores. São primaveris e brancas tal como as asas que recebi mal aqui cheguei. Para trás deixei os maus tratos, as palavras ríspidas com que aprendi a conviver, os gestos desagradáveis que me lembravam, todos os dias, de que não era bem-vinda. Para trás ficaram os gritos, as bofetadas, as feridas maltratadas, os olhares zangados e os empurrões acostumados... Para trás, ficaram as histórias de encantar que me levaram a acreditar em fadas e em lares e em gente bem formada. Para trás ficou o retrato da menina mal-amada. As poucas histórias que li fizeram-me sonhar...

Pensamento do dia ( despertado pela morte de Valentina)

O céu chorou toda a noite e eu chorei com ele. As lágrimas que caíram sobre a Terra vieram purificar as almas que perderam a Fé. Quiseram limpar o terreno onde caiu a erva daninha e expurgou a mãe natura. Ninguém merece nascer numa Família que não a protege. Nenhuma criança tem de ser entregue a quem não sabe o que é amar. Todas as crianças têm direito a uma Família que as saiba amar. Quem não pode cuidar de uma criança   não pode ser pai nem mãe… Não tem esse Direito! Mãe e Pai cuidam do ninho que prepararam antecipadamente. Mãe e Pai pegam com jeitinho no ser que acabou de nascer e não lhes sai da mente. Mãe e Pai alimentam, física e espiritualmente. Mãe e Pai são lições de vida, são o primeiro quadro onde a criança aprendeu a escrever. Mãe e Pai são um só que se multiplica Sem deixarem de olhar todos na mesma direção. Mãe e Pai são o tronco bem enraizado da família que sonharam construir. Mãe e Pai também vacilam, também duvidam e também se ...

Não, mas...

Eu não sei ser alegre, mas também não sou tristeza. Eu não sou destemida, mas não recuo face ao perigo. Eu não sou bela, mas também não passo despercebida. Eu não sou inteligente, mas alcanço as minhas respostas. Eu não sou infatigável, mas tenho mãos calejadas. Eu não sou altruísta, mas desfaleço face ao perdão. Eu não sou sonhadora, mas extasio-me quando o sol nasce. Eu não sou rica, mas os meus dias são sossego e paz. Eu não sou persistente, mas não adormeço sem completar os meus propósitos. Eu não sou boa, mas choro face à ingratidão. Eu não sou amiga, mas nunca esqueço uma promessa. Eu não sou boa mãe, mas velo o sono do meu filho. Eu não sou boa esposa, mas prezo a fidelidade. Eu não sou boa irmã, mas sou a que não te esquece. Eu não sou a Esperança, mas sei ter Fé. Eu não sou simples, mas sou genuína. Eu não sou anjo, mas busco todos os dias as asas do infinito. (Celina Seabra)

Nervosismo

Nervos! Um embrulho fechado. Uma bola de arame farpado e um grito abafado. Fera selvagem, acuada em si. Explosão. Não, antes, Implosão. Um colapso, um esmigalhar-se sem olhar a fins. Neurastenia dentro de mim. Pensamento autodestrutivo. Catrapilo demolidor. Caos! Só dor... (.......................) Mas teve um Fim. (Celina Seabra)

Ser Mãe

Ser Mãe é uma tarefa fácil... É dispores-te a amar sem limites. É abrir o coração a experiências que são sentidas à flor da pele. É arranjar asas de condor e sobrevoar o céu de um ponto de vista que só aos deuses é possível. Ser Mãe é acreditar na existência do Amor puro e incomensurável. É rezar para que Deus proteja sempre o(s) teu(s) rebento(s) e o(s) faça crescer em virtude e inteligência. Ser Mãe é ser matrioska. É ter dentro de si a semente de quem foi, manter a genuidade de quem és  e guardá-la como testemunho do que virás a ser. Ser Mãe é aceitar o impossível para o Amar como possível. Ser Mãe é acreditar no eterno retorno. (Celina Seabra)

Deixa-me chorar...

“Deixa-me chorar para suavizar o que não sei dizer, mas sei sentir.” Deixa-me chorar para me libertar desta bofetada que só a minha alma sentiu e que não retribuiu. Deixa que rolem pelo meu rosto todas as lágrimas que se criaram nesse fosso que escavaste em mim. Deixa-me chorar porque preciso de voltar a sorrir. Deixa-me pintar um arco-íris que não se vê por fora, será o suficiente para afastar essas nuvens de deceção que tu criaste. Deceção que eu conheço. Desilusão que eu teimo em encobrir. Fantasia com que amorteço o que vejo e não quero reconhecer. Deixa-me chorar. Logo, logo, volto a reerguer-me. (Celina Seabra)

Post-it

O meu olhar não é azul, nem verde, nem claro… O meu olhar vê nas palavras dos outros aquilo que eles nem pensaram no momento, porque têm memória curta ou, então, sabem conviver muito bem com uma consciência obnubilada… Eu sou instinto, mas com o tempo vou controlando o desejo de dizer umas certas verdades. Confio no tempo, embora o Tempo seja vagaroso. Mas aceito a sua lição de vida. O Tempo há de retribuir de igual maneira. Entretanto, pego no pincel e quero pintar este céu enevoado que vejo lá fora e sinto dentro de mim, de azul.   Quero-o límpido, mas há sempre uma espécie de folha vegetal que o ofusca.   Passo-lhe brilho, mas a película é imperfeita. Alguma coisa em mim não acredita nas palavras que prometem fazer, mas amanhã não fazem nada. Evito ler a promessa, mas a minha consciência duplamente consciente empurra-me o sopro que ficou nos ouvidos e não esqueço. Forma-se uma batalha; melhor, um duelo, pois sou só eu e aquelas palavras. Desconfiança. E a em...