Pressa! Tenho pressa de correr à frente do tempo. O coração acelera como se a maratona já tivesse começado há horas e eu cheguei atrasada. Sou o coelho da Alice que aparvalhado corre, subjugado ao relógio que não pára... Tonturas. "Não tenhas pressa!" - ouço. Desacelera o passo que te atrapalha e usufrui do agora. Amanhã, talvez, não chegue nunca. Amanhã é só um advérbio temporal e ficcional... Habituámo-nos à roda-gigante e deixou de ser um joguete humano. Transformou-se em roda da vida, roda da fortuna, roda-dos- altos-coices, roda dura de roer, roda enguiçada, e a vida passou a ser uma roda viva. E enlouquecidos furamos caminho como se o futuro fosse o mais importante. "Não páres! É tarde! É tarde!" Roleta-russa que acabará por te matar. "Olá! Adeus!" E a vida é esse adeus. Um aceno que se dilui na memória do tempo que continua a girar. (Celina Seabra)
Pensamentos em forma de poesia