Culpo o meu país,
mas ele não tem culpa de nada.
É um pequeno país à beira-mar, bafejado pelo sol e por uma gastronomia
incomparável.
É um país que a partir de um condado sonhou ser MAIOR e investiu numa
gigantesca EPOPEIA.
Partiu com medo mas a seu lado ía também a ESPERANÇA e o desejo de
VITÓRIA e de FAMA. Fez-se GRANDE, o meu país, mas a FAMA apoderou-se dos que
mandam. Pensaram somente neles. Vestiram RIQUEZA, esbanjaram FORTUNAS,
destruíram o país que fora GRANDE.
Voltaram à NAU CATRINETA e o PAPÃO massacrou o Povo que os fizera
grandes.
Hoje, o meu país continua a viver de ilusões.
Hoje, o PODEROSO continua a roubar o PEQUENO e faltam o Robin dos Bosques
e o Zé do Telhado…
Hoje, os PORTUGUESES continuam a acreditar em quimeras e aceitam as
migalhas que caem da mesa dos ricos.
Hoje, continuamos a contentar-nos com arraiais, com sardinhas assadas, com
festas provincianas, com jogos de futebol e trôpegos assistimos ao desfile dos
que roubam e não são julgados no banco dos réus.
Hoje, continuamos a vergar-nos perante governos que mentem, que se julgam
soberanos e calam a voz dos que o elegeram.
Hoje, lutamos apenas pela sobrevivência, pela aparência e pela
comodidade.
Somos sem-abrigos com casas taxadas a créditos altos e às quais nunca
podemos chamar nossas.
Somos livres só quando temos dinheiro para contestar…
Criamos redomas de vidro e vejo gente indiferente, gente que se preocupa
apenas com o seu umbigo, gente egoísta que na hora H se esquece dos que chama
AMIGOS! É gente FINGIDA mas sabe viver.
O mundo é dos trapaceiros, dos ludibriosos, dos parasitas, dos surdos,
dos sedutores, dos bem falantes e dos que vestem as marcas do momento para
ficarem bem na fotografia.
No meu país impera a MENTIRA, a FACHADA, os Sancho Pança, os
trampolineiros, os miguelistas, os barões, a Justiça vendada ou vendida…
Mas…
O meu país não tem culpa…
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