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Sei de um ninho


Sei de um ninho
E lá dentro está um passarinho
E junto a si, outro ovo
Bem redondinho…

Pia a mãe
Anseia o pai
Passarinho, passarinho
Sai do ovo e quebra esse cantinho.

O mundo  te espera
A floresta te aceita
O teu gorjeio
A vida respeita…

Era uma vez,
Um pai, uma mãe e um passarinho
Que teimoso não queria
Abandonar o ninho.

Veio o vento e o ovo arrastou
E com ele o levou…
Veio a chuva e no chão
O depositou.

O sol aqueceu, ferveu
E a casca apodreceu…
Passarinho, passarinho
A tua vida aqui morreu

Porque teimaste em nascer?
Porque recusaste viver?
Pior é perecer
Sem saber sequer  crescer.

Pobre passarinho louco
As asas não deste ao vento
Ocultaste o teu canto rouco
No negrume do tormento.

Pai e Mãe, teus amigos são
E o corpinho frio aquecem
Lágrimas, amor e união
O círculo da vida estremecem.


Tonto passarinho andante
Desperta do teu embalar
Abre os olhos, vê o mundo
Toca a andar, põe-te a voar!

O céu é teu
O horizonte é tudo
O sonho é incerto
A vida, por vezes, errante
Mas a tudo isto sê surdo e mudo.
E apenas vive, voa triunfante!




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Um gigantesco  incêndio  lavra o meu país. É tão pequeno, este cantinho à beira-mar, e tão grande o dragão que há já alguns dias Tomou posse deste pequeno jardim… É um ser feroz, uma alma diabólica, egoísta, Que saiu das profundezas do inferno Onde estivera hibernado, e teima em fustigar de labaredas cintilantes um cantinho que já fora verde, muito verde, quase de encantar… A cauda chamejante, magnânima,  serpenteia  o meu Portugal E a alma diabólica, impetuosa, continua a criar paisagens dantescas. E sobre nós, um céu de bronze, asfixiante… As noites surgem  avermelhadas e fuliginosas Como se tivessem acendido milhares de archotes. Ao redor, paira a cinza e as faíscas queimam as fagulhas Que já foram pinho… Mas o dragão não é fácil de atacar. Cavaleiros da paz constroem armadilhas e lutam Dia e noite a fim de vencer a Besta. Vidas são dizimadas, ceifadas como ervas daninhas… Ao dragão nada importa a não ser o prazer...
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