No alto daquela serra
foi depositada, um dia, uma sementinha que fora desejada. Timidamente brotou.
Primeiro dentro do calor materno da Mãe sua alma alimentou e, aos poucos, a força
do ininteligível fê-la nascer.
Era um dia de sol e seus olhos habituados à escuridão amiga
que a gerara, fecharam-se à vida e aos sons. Temia o desconhecido, o
inexplicável.
Mas o Infinito aconchegou-a, tomou-a nos braços e embalou-a.
Ensinou-lhe a escutar a voz da Vida, a admirar a resplandecência do Céu, a respeitar Tudo ao seu
redor, a Amar os Outros como a si mesma, a acreditar nos Homens, a acreditar em
Deus como ser imensurável mas bondoso. Ensinou-a, enfim, a ser árvore da Vida,
símbolo sagrado da criação, da fecundidade e da imortalidade.
A
semente germinou, mas então, o que falhou? Porque não ergueste os teus ramos em
direção ao Céu? Porque não desabrochaste em frutos?
Porque
impediste que as tuas raízes se espalhassem além da terra que conhecias? Porque
não duplicaste o dom da vida? Porque temeste, se o Infinito caminha a teu lado?
Floriste
por dentro. Viajaste mundos dentro de ti. Sonhaste o que não apostaste. Afastaste-te
da Criatura Linda que te desafiou a seres Luz, a seres árvore esguia mas forte
em seiva e em fruto.
O
dom só te é dado uma vez.
Talvez
o Infinito se compadeça de ti.
( Celina Seabra)
( Celina Seabra)
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