Avançar para o conteúdo principal

Árvore de natal


Hoje quero pintar o meu coração de natal.
Quero procurar a menina que ficou lá longe,
a que sabia viver essa quadra.
Quero rezar com ela.
Quero pedir ao Menino Jesus proteção divina para os meus amores, para aqueles que são sangue do meu sangue.
Quero erguer bem alto a árvore que resvalou, carregada de ramos inúteis.
Para crescer para o alto, não precisa de acessórios!
Quero-a liberta de frivolidades, para que não faça sombra a ervas daninhas.
Vou retirá-la desse terreno baldio e imprestável…
Vou cortar-lhe os galhos que podem cair a qualquer momento e ferir…
(talvez, a mim…)
Quero os insetos e os fungos longe dela.
Quero a minha árvore arejada!
Quero que o vento e a brisa a purifiquem...
Depois, vou enfeitá-la com os sorrisos e os olhares daqueles que me cativaram.
Não preciso de gargalhadas. Preciso de sorrisos compreensivos e recíprocos.
No cimo colocar-lhe-ei o meu coração.
Ali, talvez, o Céu se compadeça e deixe cair sobre ele estrelas da paz e do perdão.
Só assim brilhará.
Preciso, urgentemente, dessa chuva de estrelas cadentes !
Desse renascimento divino, presságio de boa sorte.
Necessito desse lampejo de luz.
 Estarei atenta para não o perder .
Debaixo da minha árvore será esse o meu presente de Natal:
um misto de Crença, Otimismo e Renascimento.

( Celina Seabra)


Comentários

Mensagens populares deste blogue

DRAGÃO DE FOGO

Um gigantesco  incêndio  lavra o meu país. É tão pequeno, este cantinho à beira-mar, e tão grande o dragão que há já alguns dias Tomou posse deste pequeno jardim… É um ser feroz, uma alma diabólica, egoísta, Que saiu das profundezas do inferno Onde estivera hibernado, e teima em fustigar de labaredas cintilantes um cantinho que já fora verde, muito verde, quase de encantar… A cauda chamejante, magnânima,  serpenteia  o meu Portugal E a alma diabólica, impetuosa, continua a criar paisagens dantescas. E sobre nós, um céu de bronze, asfixiante… As noites surgem  avermelhadas e fuliginosas Como se tivessem acendido milhares de archotes. Ao redor, paira a cinza e as faíscas queimam as fagulhas Que já foram pinho… Mas o dragão não é fácil de atacar. Cavaleiros da paz constroem armadilhas e lutam Dia e noite a fim de vencer a Besta. Vidas são dizimadas, ceifadas como ervas daninhas… Ao dragão nada importa a não ser o prazer...
Entre a gente também há solidão. - Foram mais ou menos estas as palavras da Raposa ao Principezinho. Sábia afirmação. Sorriso pintado é colocado tantas vezes para disfarçar o smile da tristeza, do vazio. Hoje ninguém está só. O ruído atordoa quem se extingue por dentro. A diferença preenche o desequilíbrio. Mais uma madeixas diferentes, uns tattoos extravagantes, uma maquilhagem exuberante e uma indumentária de outro mundo e ficamos sãos! Somos o que vendemos por fora e encobrimos os sentimentos que só angústiam e não resolvem a qualidade de vida. A solidão não faz amigos. Vende-se a felicidade e arranjam-se mil formas de preencher o vazio que se encharca com comprimidos, com alucinógeneos, com apostas miraculosas, com tecnologias diversas que nos encantam, absorvem e cansam... E precisamos de dormir. Não é preciso pensar. Embebedamos a Razão que é má companhia. A tristeza é barreira ao sucesso e o mundo é dos que constroem sucesso e aparentam ser Tão Felizes! (CELINA Seabra)

Pobre vs Rico

" Não peças a rico E não prometas a pobre"... Nunca o provérbio - voz do povo - esteve tão próximo da realidade do meu Hoje. Rico não dá. Queixa-se. Pobre não esquece. Necessita. Rico olha para ti apenas quando deseja extorquir-te alguma coisa. ( " Come a tua carne e despreza os teus ossos". Porque não tem dentes? Porque tem mais olhos que barriga.") Pobre olha para o chão e conta os seus passos no caminho que é de todos. Por vezes, não os distingue. Esquece-se de que são os seus. Rico nunca rouba. Serve-se do dinheiro dos outros para criar o seu império. Pobre pede ou envergonha-se de pedir... Rico tem sempre razão. Ai, daqueles que não lhe derem atenção! Pobre erra. Pede desculpa, titubeia e esconde o rosto na sua própria mão... Rico acha-se rei e pensa estar acima da lei. Pobre conta os trocados para pagar as contas ao Estado. Rico é capitalista. Acumula riquezas com o suor do proletariado. Pobre acha-se socialista. Na verdade, ele é um ideal...