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Mensagens

Até sempre

O que ficou de ti foi a tua imensa vontade de viver. Em todo o teu discurso procuravas fintar a morte.  Com as tuas questões colocavas-nos na posição de deuses, de pequenos detentores da Verdade.  " Claro, que vais viver." - dizíamos. - " É preciso ter FÉ." Se calhar não foi o bastante; não tivemos Fé. Receámos pela tua vida, pois já predestinavam a tua morte. Cruzaste a ponte.  Depois de uma luta apressada entre a cama da tua casa e a do hospital, partiste definitivamente.  Talvez te tenhas cansado de querer ficar. Talvez aquele sono que te tirou de nós durante longas horas, tenha sido o teu ritual, a tua purificação para te libertares da vida terrena e entregares-te nas mãos de Deus. Como os anjos regressaste para consolar quem ao teu redor chorava e pedia pela tua vida.  Foi pouco o tempo, mas trouxe esperança e sorrisos. Os anjos nunca se revelam por muito tempo; preferem o Céu. E TU voaste com eles. O teu adeus ao mundo para te entregares, fina...

Solidão ou negação do Eu?

A noite cobre a terra com o seu manto prateado. O céu é riscado por relâmpagos que a iluminam. Chove lá fora. Aqui dentro tudo é sossego. Embalo-me com o som das gotas que ressoa no telhado da casa. Pertenço aqui. Parece-me que nunca saí daqui. O barulho do mundo e o burburinho da gente que se apressa para realizar objetivos e ganhar o pão nosso de cada dia, assusta-me. O materialismo passou a fazer parte do instinto humano. Esqueceu o que é natural. Perdeu a Fé. Passou a ser agnóstico, ateu, só para justificar que não é cristão. É mais fácil não ser responsabilizado por determinados atos, se desconhecermos o cristianismo. Como se o cristianismo fosse apenas rezar, saber as orações de cor, praticar rotinas diárias e dominicais. Não é assim que compreendo hoje o cristianismo. Se calhar porque não sou um bom cristão. É mais fácil deixar para os outros a responsabilidade de ajudar o próximo. É mais fácil viver só para mim. É mais fácil não sair, não enfrentar o barulho do...
O Silêncio é de ouro mas eu tenho a mania de dizer aquilo que penso, sobretudo quando entendo o negativo. Aprendi que não devemos dizer tudo aquilo que pensamos e que, de vez em quando, devemos silenciar, calar, emudecer as palavras que não serão entendidas e que só a ti te ferem. Tu contemplas o mundo com os olhos que para ti moldaste. Deixa a corrente ir... ela há de acalmar. Aprecia a tranquilidade que vive contigo. Ergue os olhos para o alto: o universo é tão bonito e tão majestoso e tu tão insignificante! Sê apenas uma borboleta. Faz do teu caminhar um voo silencioso e raso. Não subas acima das nuvens, pois acima destas existe mais Céu  e este  é intocável. Que os teus voos sejam cautelosos. Evita as correntes e prefere as brisas. Plana em vez de voar, pois cansa menos. Aproveita e pinta as tuas asas: deixa-as coloridas.   Não tens que ser o arco-íris, basta seres como o arco-íris: surge de vez em quando e faz uma aliança com o universo. Apazigu...
É muito fácil ser feliz. basta abrir a janela do teu quarto, dizer bom dia ao universo e entregar-te nas mãos do momento. Vive o hoje e esquece as mágoas. Abre a tua alma aos sentidos e respira  porque ainda estás vivo! ( Estrelinha)

AMOR

Eu amo-te, Tu amas-me, Nós amamo-nos à nossa maneira. Que outro companheiro de vida poderia escolher para mim? Fiz-te piloto da nossa viagem, Trave da nossa casa E dependo de ti. Quando as minhas palavras te soam a agressivas, São tolas, cheias de emoção e quem as diz É a mente, Não o coração. No teu olhar vislumbro, ainda, paixão, Embora deseje ver também admiração. Sou boeirinha arisca, Pardal chilreador, Mas acredita no meu amor. Quando te pinto na minha mente, Desenho o teu coração E mais do que corpo És a minha paixão. Amo-te, venero-te, Mas não és meu deus. És anjo da guarda, Conselheiro meu. És a minha razão, Muro translúcido que não filtra a luz, És raio de sol, Anjo que suporta a minha cruz. ( Celina Seabra)

Fernando Pessoa

Admiro-te Pessoa, por tudo o que escreveste e por todas as almas que viveste. Entendo-te. Foste uma vida embrulhada para dentro. Inteligente, Muito acima do teu presente. Ave arisca, difícil de apanhar na armadilha pessoal. Vaso diferente, invulgar, feito de poente, ausente da gente que teima em passar. Impressionista, surrealista, modernista e saudosista, Foste arquiteto e paisagista. O templo que ergueste era imaterial, singular… Era sonho profético, quinto império arquétipo. Desenraizado, órfão de pai, ausente da pátria. Regresso do peregrino que não esquece a terra natal. Amaste a pátria como ninguém, mas no momento ninguém te amou, antes te julgou. “ A minha pátria é a língua portuguesa.” Herói lusíada, Mito do poeta que fica incrustado na pedra que deu origem à nação. Louco do ontem, do hoje e do amanhã. Olho de falcão que descreve , em palavras sábias, o mundo na perfeição. Desse baú mágico onde guardaste a tua vida, a tua ausência ...

Hoje

Na “ minha “ escola ainda ouço vozes. Vinte e dois anos passaram num ápice! Ao olhar o caminho percorrido não sinto saudades, sinto antes alguma nostalgia. Nem todos os anos foram bons. Alguns pareciam não ter fim. O inverno é penoso! Dias curtos, cinzentos, frios, em salas frias. Trabalho acumulado que tem de ser realizado. Se não for na escola, em casa deve ser executado. Família que precisa de ti… de nós. Vozes que se atropelam, que não esperam e que perturbam hoje a idade que não perdoa. Algum riso perdido… Mas cresci, amadureci. Chorei muito e ri muito também. Amei filhos que não eram os meus. Alguns acolheram-me nos seus corações e ficarei para sempre nas suas memórias. Para outros fui apenas tempestade passageira, relâmpago que rapidamente se perde e desaparece. O bom de ser professor é ser reconhecido por quem já não reconheço. A fotografia está lá, escondida na arca das tuas recordações… mas os alunos são tantos e os nomes tantos também. E tu...