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Mensagens

Não, mas...

Eu não sei ser alegre, mas também não sou tristeza. Eu não sou destemida, mas não recuo face ao perigo. Eu não sou bela, mas também não passo despercebida. Eu não sou inteligente, mas alcanço as minhas respostas. Eu não sou infatigável, mas tenho mãos calejadas. Eu não sou altruísta, mas desfaleço face ao perdão. Eu não sou sonhadora, mas extasio-me quando o sol nasce. Eu não sou rica, mas os meus dias são sossego e paz. Eu não sou persistente, mas não adormeço sem completar os meus propósitos. Eu não sou boa, mas choro face à ingratidão. Eu não sou amiga, mas nunca esqueço uma promessa. Eu não sou boa mãe, mas velo o sono do meu filho. Eu não sou boa esposa, mas prezo a fidelidade. Eu não sou boa irmã, mas sou a que não te esquece. Eu não sou a Esperança, mas sei ter Fé. Eu não sou simples, mas sou genuína. Eu não sou anjo, mas busco todos os dias as asas do infinito. (Celina Seabra)

Nervosismo

Nervos! Um embrulho fechado. Uma bola de arame farpado e um grito abafado. Fera selvagem, acuada em si. Explosão. Não, antes, Implosão. Um colapso, um esmigalhar-se sem olhar a fins. Neurastenia dentro de mim. Pensamento autodestrutivo. Catrapilo demolidor. Caos! Só dor... (.......................) Mas teve um Fim. (Celina Seabra)

Ser Mãe

Ser Mãe é uma tarefa fácil... É dispores-te a amar sem limites. É abrir o coração a experiências que são sentidas à flor da pele. É arranjar asas de condor e sobrevoar o céu de um ponto de vista que só aos deuses é possível. Ser Mãe é acreditar na existência do Amor puro e incomensurável. É rezar para que Deus proteja sempre o(s) teu(s) rebento(s) e o(s) faça crescer em virtude e inteligência. Ser Mãe é ser matrioska. É ter dentro de si a semente de quem foi, manter a genuidade de quem és  e guardá-la como testemunho do que virás a ser. Ser Mãe é aceitar o impossível para o Amar como possível. Ser Mãe é acreditar no eterno retorno. (Celina Seabra)

Deixa-me chorar...

“Deixa-me chorar para suavizar o que não sei dizer, mas sei sentir.” Deixa-me chorar para me libertar desta bofetada que só a minha alma sentiu e que não retribuiu. Deixa que rolem pelo meu rosto todas as lágrimas que se criaram nesse fosso que escavaste em mim. Deixa-me chorar porque preciso de voltar a sorrir. Deixa-me pintar um arco-íris que não se vê por fora, será o suficiente para afastar essas nuvens de deceção que tu criaste. Deceção que eu conheço. Desilusão que eu teimo em encobrir. Fantasia com que amorteço o que vejo e não quero reconhecer. Deixa-me chorar. Logo, logo, volto a reerguer-me. (Celina Seabra)

Post-it

O meu olhar não é azul, nem verde, nem claro… O meu olhar vê nas palavras dos outros aquilo que eles nem pensaram no momento, porque têm memória curta ou, então, sabem conviver muito bem com uma consciência obnubilada… Eu sou instinto, mas com o tempo vou controlando o desejo de dizer umas certas verdades. Confio no tempo, embora o Tempo seja vagaroso. Mas aceito a sua lição de vida. O Tempo há de retribuir de igual maneira. Entretanto, pego no pincel e quero pintar este céu enevoado que vejo lá fora e sinto dentro de mim, de azul.   Quero-o límpido, mas há sempre uma espécie de folha vegetal que o ofusca.   Passo-lhe brilho, mas a película é imperfeita. Alguma coisa em mim não acredita nas palavras que prometem fazer, mas amanhã não fazem nada. Evito ler a promessa, mas a minha consciência duplamente consciente empurra-me o sopro que ficou nos ouvidos e não esqueço. Forma-se uma batalha; melhor, um duelo, pois sou só eu e aquelas palavras. Desconfiança. E a em...

O meu lar ao natural

O mundo parou na minha casa. Só existimos nós. Lá fora há só um caminho e este tem uma única entrada e uma única saída. Não há semáforos, nem grandes avenidas, nem parques temáticos ou citadinos. Não há néons publicitários, nem monumentos para visitar. Não há centros comerciais vazios, nem restaurantes e lojas fechadas. Não vejo prédios, nem altos nem baixos, e não há sinais de trânsito que me alertem e me obriguem a arriscar. Estamos sós, sem nos sentirmos sós. O céu é o nosso mar: azul, imenso e infinito. Abobado, é o nosso barco e partimos em viagens sem agendamento nem pressas. Ficaram para trás os horários, os mapas físicos a estudar e os panfletos estão por desdobrar. A viagem é feita sem pressas. O mar é fácil de navegar e o pensamento tem muito para imaginar. Desembarco. O jardim, nossa sala de visitas e nosso ginásio natural, convida-nos a dormitar. E o corpo estendido na relva do jardim entrega-se a prazeres que tu não ousas contar. A música abraça-te e con...

Pensamento do dia

A chuva cai lá fora. Acordou-me com o seu cantar. É um tamborilar continuo que sabe bem ouvir. Dormi a noite toda, apesar dela cair sobre a terra do jardim. Molha tudo, mas dentro de mim sabe a ribeiro jovem que acolhe vida dentro de si. Apeteceu-me dizer "Bom dia" a todos! Lá fora, o dia nasceu como faz todos os dias. E porque é primavera, os pássaros cantam por aí. Não é uma chuva de inverno: gélida, friorenta, apoquentadora. Brinca no jardim e faz sulcos entre as flores e os legumes que germinam. Há vida e encanta-me esse viver. Um dia, o meu corpo será também ele cinza nesses labirintos onde hoje rebenta a existência;  e essa exuberância, que a natureza insiste em mostrar-me, traz-me paz e energia. Hoje é um novo dia! - Ouço. Outra oportunidade para confiares e para poderes festejar! (Celina Seabra)