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Mensagens

 Porque procuramos o AMOR? Sedentos de afetos, de beijos e abraços, galopamos ao encontro de histórias de encantar e abrimos baús misteriosos. Surpreendemo-nos com o brilho e inebriamo-nos com o perfume, que é exótico,  e mistura a alegria, o encantamento, a paixão, o êxtase e a paz. De repente, o cenário do encontro idílico cede lugar ao palco despido. Foi-se o papel que encobria a realidade e surgem as dúvidas - o coro das incertezas que incomodam a emoção. A Razão é cruel, desumana! Corremos atrás do amor como o espanta espíritos para a solidão. Queremos viver lá fora o que deveríamos plantar em nós. Criamos o desencanto,  mas teimamos em mendigar Amor. (Celina Seabra)
 Desistir? Nunca! Podes cambalear, tropeçar, cair, mas não desistas,  continua! Olha o sol que também repousa, todas as noites no horizonte. Parece morrer, mas abriga-se para renascer. Contempla a lua, ora cheia, grávida de vida,  ora em barco, para incitar à viagem,  ou então, linha brilhante que fecha as pálpebras para depois se incendiar de novo. Os opostos existem para se deslumbrarem. Sedução,  repulsa, Amor, desencanto, Alegria, angústia, binómios que rompem casulos e deixam sair borboletas. Não desistas. Grita a tua dor.  Enrouquece para a deixar partir. O infinito há de engoli-la. Resta-te enraizar-te ao universo para desbravares caminhos. Há mãos que sangraram para esquadrinhar saídas, mas conduziram à tua libertação. Recorda: vão-se as unhas,  ficam as mãos! (Celina Seabra)

Carnaval

C hega sempre à terça-feira. A ntigo, sem datas certas a confirmar. R i e canta até te cansares, pois amanhã terás ( ou não) de jejuar. N oite de folia, de ruido, de exageros, fantasias, máscaras e alegorias. A vé, César! Hoje sou rei! Amanhã, enforcado... não sei. V inho e carne, frutas afrodisíacas, promiscuidades até entontecer!  A uge da vida e da alegria, como se não houvesse outro dia. L iberto-me das regras sociais, porque hoje sou Tudo até ao alvorecer! Amanhã,  amanhã... a mim regressei. (Celina Seabra)

Eco da Paz

 Paz, uma folha que se desprende da universalidade  e voa em direção ao horizonte. Quem a apanha? Quem a deixa partir sem dela cuidar? Quem, distraidamente, se esquece de a alimentar? Todos somos responsáveis pela paz. Então, porque a tomam como segura e se esquecem de a proclamar? Eu sou a Paz. Tu Paz serás. Ele e Ela serão seus discípulos e mantê-la-ão segura. Nós paz construiremos. Vós recebê-la-eis para que  Eles e Elas possam em paz viver. (Celina Seabra)

Vidro

 Quis inventar um tempo que já passou. Sentia falta da cumplicidade e da satisfação plena. Eu era completa e não sabia, mas o espelho que eu serigrafei  era demasiado frágil e caiu. Pensei colá-lo, restaurá-lo, mas sem o fogo intenso que o derrete  não pude modelá-lo na perfeição. As impurezas entranharam-se até ao tutano, faltou-me o sopro (saiu grito) e não fui capaz de o manter límpido como o fantasiei. Fui idealizadora e o reflexo que sonhei era só o meu  e o de mais ninguém. Manchas e bolhas surgiram para o deformar. Faltou-me a temperatura certa ou, então, Deveria tê-lo deixado ficar assim:  despedaçado,  resfriado e junto de mim. (Celina Seabra)

Natal de outrora

  Que saudades de ter a Família de outrora, toda reunida! Havia frio lá fora, Mas dentro de nós crepitava a chama do Amor e da Alegria. Os sorrisos não eram fingidos (pelo menos eu não os via assim.) Tudo era simples. Tudo era Paz. Tudo era Oração, Fé e Esperança. A lareira aquecia o lar que era de todos. Os pés batiam ao ritmo das canções de Natal! O Natal escrevia-se com letra maiúscula e tinha tanta importância para mim! Lá fora geava, Mas a missa do galo esperava-nos à meia-noite. A igreja iluminava-se de luzes e vozes, em uníssono. Hoje ouço esse passado tão perto de mim que chega a doer. Recordo os meus avós: gente simples, mas valente! Recordo a casa que hoje se encontra vazia e a desmoronar-se. As paredes aguentam as memórias de antigamente. São os ossos de quem por ali passou. Ouço as vozes que por ela sussurram. Estão tão perto de mim e o passado ficou lá atrás… Conheço-a de cor, porque faz parte de mim, Do que fui e do que sou. N...

Meditação de outono

 As árvores vestiram-se de outono e surpreenderam o meu olhar. Êxtase de quem se benze para mais um dia  que nos cumprimenta com um sorriso tutti frutti. Cores mescladas de diospiro maduro, chá de tília e limonete, banana suculenta, com framboesas a decorar...  Hummm!!! Já apetece degustar! Outono mágico, vestido de mago embriagado. Trapalhão, bem disposto, a cantarolar,  arrasta pelo chão o casacão remendado a flores e folhas secas que guarda para se almofadar, quando o frio apertar. É o outono apressado, davinci muito ocupado, músico autodidata  que sopra a caixa da chuva  e nos troca as horas que o tempo gosta de comandar. (Outono, altura de reciclar humores,  meditar temperamentos, recriar entusiasmos, renascer por dentro.) - Senhor Outono, Não se esqueça, venha de mansinho.  Afaste depressões, ciclones e ventanias, Traga calor e alguma energia,  pois o frio, cria em mim, alguma nostalgia  mesclada nesta escrita  que já soa a me...