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Mensagens

Não entendo

  Famílias de coração, só conheço a que Deus me deu. Não entendo que quem as tem se sinta órfão. Não entendo que quem tem mãe, pai, filho(a), tio(a), avô(ó) Chame Outros assim. Não entendo.   Sou muro. Trepem-no. Verão que sou barreira virtual.   Sou séria, Deem-me um abraço, Cantem-me uma canção, Escrevam-me um poema, Uma frase E verão que derreto.   Sou de todos? Sou só dos que amo e daqueles em que acredito.   Sou diferente? Também o podes ser.   Sou dura? Mas não sou fingimento – esse faz-me cócegas na garganta e na alma.   Afasto-me? É o meu jeito de não te ofender e de não me magoar.   Sou solitária “entre a gente”? Tenho Deus comigo.   Só não entendo o jeito das pessoas esquecerem o princípio e o fim.   (Celina Seabra)
 Porque procuramos o AMOR? Sedentos de afetos, de beijos e abraços, galopamos ao encontro de histórias de encantar e abrimos baús misteriosos. Surpreendemo-nos com o brilho e inebriamo-nos com o perfume, que é exótico,  e mistura a alegria, o encantamento, a paixão, o êxtase e a paz. De repente, o cenário do encontro idílico cede lugar ao palco despido. Foi-se o papel que encobria a realidade e surgem as dúvidas - o coro das incertezas que incomodam a emoção. A Razão é cruel, desumana! Corremos atrás do amor como o espanta espíritos para a solidão. Queremos viver lá fora o que deveríamos plantar em nós. Criamos o desencanto,  mas teimamos em mendigar Amor. (Celina Seabra)
 Desistir? Nunca! Podes cambalear, tropeçar, cair, mas não desistas,  continua! Olha o sol que também repousa, todas as noites no horizonte. Parece morrer, mas abriga-se para renascer. Contempla a lua, ora cheia, grávida de vida,  ora em barco, para incitar à viagem,  ou então, linha brilhante que fecha as pálpebras para depois se incendiar de novo. Os opostos existem para se deslumbrarem. Sedução,  repulsa, Amor, desencanto, Alegria, angústia, binómios que rompem casulos e deixam sair borboletas. Não desistas. Grita a tua dor.  Enrouquece para a deixar partir. O infinito há de engoli-la. Resta-te enraizar-te ao universo para desbravares caminhos. Há mãos que sangraram para esquadrinhar saídas, mas conduziram à tua libertação. Recorda: vão-se as unhas,  ficam as mãos! (Celina Seabra)

Carnaval

C hega sempre à terça-feira. A ntigo, sem datas certas a confirmar. R i e canta até te cansares, pois amanhã terás ( ou não) de jejuar. N oite de folia, de ruido, de exageros, fantasias, máscaras e alegorias. A vé, César! Hoje sou rei! Amanhã, enforcado... não sei. V inho e carne, frutas afrodisíacas, promiscuidades até entontecer!  A uge da vida e da alegria, como se não houvesse outro dia. L iberto-me das regras sociais, porque hoje sou Tudo até ao alvorecer! Amanhã,  amanhã... a mim regressei. (Celina Seabra)

Eco da Paz

 Paz, uma folha que se desprende da universalidade  e voa em direção ao horizonte. Quem a apanha? Quem a deixa partir sem dela cuidar? Quem, distraidamente, se esquece de a alimentar? Todos somos responsáveis pela paz. Então, porque a tomam como segura e se esquecem de a proclamar? Eu sou a Paz. Tu Paz serás. Ele e Ela serão seus discípulos e mantê-la-ão segura. Nós paz construiremos. Vós recebê-la-eis para que  Eles e Elas possam em paz viver. (Celina Seabra)

Vidro

 Quis inventar um tempo que já passou. Sentia falta da cumplicidade e da satisfação plena. Eu era completa e não sabia, mas o espelho que eu serigrafei  era demasiado frágil e caiu. Pensei colá-lo, restaurá-lo, mas sem o fogo intenso que o derrete  não pude modelá-lo na perfeição. As impurezas entranharam-se até ao tutano, faltou-me o sopro (saiu grito) e não fui capaz de o manter límpido como o fantasiei. Fui idealizadora e o reflexo que sonhei era só o meu  e o de mais ninguém. Manchas e bolhas surgiram para o deformar. Faltou-me a temperatura certa ou, então, Deveria tê-lo deixado ficar assim:  despedaçado,  resfriado e junto de mim. (Celina Seabra)

Natal de outrora

  Que saudades de ter a Família de outrora, toda reunida! Havia frio lá fora, Mas dentro de nós crepitava a chama do Amor e da Alegria. Os sorrisos não eram fingidos (pelo menos eu não os via assim.) Tudo era simples. Tudo era Paz. Tudo era Oração, Fé e Esperança. A lareira aquecia o lar que era de todos. Os pés batiam ao ritmo das canções de Natal! O Natal escrevia-se com letra maiúscula e tinha tanta importância para mim! Lá fora geava, Mas a missa do galo esperava-nos à meia-noite. A igreja iluminava-se de luzes e vozes, em uníssono. Hoje ouço esse passado tão perto de mim que chega a doer. Recordo os meus avós: gente simples, mas valente! Recordo a casa que hoje se encontra vazia e a desmoronar-se. As paredes aguentam as memórias de antigamente. São os ossos de quem por ali passou. Ouço as vozes que por ela sussurram. Estão tão perto de mim e o passado ficou lá atrás… Conheço-a de cor, porque faz parte de mim, Do que fui e do que sou. N...