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Mensagens

Primeira vez

Há sempre uma primeira vez. O nascimento - uma só vez. Sem lembrança. Talvez os medos, a ansiedade, a dor, sejam marcas desse momento. O subconsciente saberá, certamente. O primeiro passo, seguido de outros que suportam a investida. A primeira queda. ( Sem lembrança) A primeira separação, regada de lágrimas. Mas tinha de ser. Os primeiros colegas, os primeiros amigos, alguns perdidos no caminho da vida. As primeiras letras, a primeira leitura, a contagem, a adição, a subtração, a multiplicação e começa a complicação. O primeiro ciclo, o ensino básico, o secundário. A adolescência, as mudanças, as dúvidas... A solidão inexplicável. A atracção, o namoro e o Amor. A universidade e os sonhos. A realização e a frustração. A responsabizaçao. O Amor. O primeiro ordenado. Sentes-te afortunado. A primeira gravidez. (No meu caso, a única.) As diferentes mudanças e sensações. A alegria de exibir uma barriga onde pulsa a vida! Os primeiros sons intrauterino. Som acolhedor, mágico... (Ainda o ...

És gente

Não tens que estar sempre bem. És humana, não és robot. És Gente, vês e sentes. O sorriso mascara a tua dor que designas de cansaço. É dor, porque a rotina se instalou e parece não haver nada a descobrir. É dor, porque calas a revolta e viras relógio digital. É dor, porque choras por dentro e o dia escureceu. Às vezes, precisamos de usar o relógio de corda para pararmos também. Necessitamos dessa pausa para nos revisitarmos, para nos encontrarmos no labirinto que escureceu. Deixámos, algures, o fio de Ariane e a bússola para a felicidade. Não desistir é o primeiro passo e, acredita, em algum lugar encontrarás a janela para continuares o teu voo. Metamorfoses são precisas e não é bom viajarmos sós. A dois atravessas melhor a ponte que parece estar corroída. Repara que as aves voam em grupo. A cooperação surge nesse V que observas no azul do céu. O batimento da asa da primeira auxilia o voo da que segue atrás. E revezam-se, quando a sentem cansada. Voar em V permite, ainda, a visibilidad...
Se não tivesse olhos, talvez não cobiçasse a alegria dos outros. Se fosse larápio, guardaria todos os risos do mundo e seria fingimento quando a sombra aparecer. Se fosse pedra construiria a minha muralha E deixaria de lado a sensibilidade. Se pudesse ser outra Seria alicerce e não esta haste frágil de trigo que não foi colhido. Se pudesse ser máquina Deixaria de fora o coração. Hoje sou só Desalento, Instabilidade e Insignificância. (Celina Seabra)
Entre a gente também há solidão. - Foram mais ou menos estas as palavras da Raposa ao Principezinho. Sábia afirmação. Sorriso pintado é colocado tantas vezes para disfarçar o smile da tristeza, do vazio. Hoje ninguém está só. O ruído atordoa quem se extingue por dentro. A diferença preenche o desequilíbrio. Mais uma madeixas diferentes, uns tattoos extravagantes, uma maquilhagem exuberante e uma indumentária de outro mundo e ficamos sãos! Somos o que vendemos por fora e encobrimos os sentimentos que só angústiam e não resolvem a qualidade de vida. A solidão não faz amigos. Vende-se a felicidade e arranjam-se mil formas de preencher o vazio que se encharca com comprimidos, com alucinógeneos, com apostas miraculosas, com tecnologias diversas que nos encantam, absorvem e cansam... E precisamos de dormir. Não é preciso pensar. Embebedamos a Razão que é má companhia. A tristeza é barreira ao sucesso e o mundo é dos que constroem sucesso e aparentam ser Tão Felizes! (CELINA Seabra)
Sabes, há aquelas amizades que surgiram na infância e que depois permanecem adormecidas, não se sabe muito bem porquê, durante alguns anos, e um dia, quase por acaso, renascem, como se nunca tivesse havido um interregno. A conversa flui, como se fosse natural. A atração pelo outro é íman magnético. Pólos que se aproximam e resultam. Espelhos onde nos revemos. Esta amizade de ontem que voltou a ser hoje é como a sombra da noite que se fortalece com o pôr do sol da vida. Amadurecemos. Deixamos para trás a etapa do que se procurava, moldada pelos ditames da sociedade: trabalho, sucesso, poder... Descobrimos que mais importante são os laços que se constroem numa boa conversa, num fim de tarde onde trocamos pareceres, no doce que se partilha e no chá que nos anima e hidrata a voz. Os amigos tornam-se especiais à medida que envelhecemos. Escolhemos quem nos completa. (CELINA Seabra)
Gosto tanto de uma boa companhia! Que desagradável, quando te substituem pelo telemóvel!( E falamos nós dos mais novos!) Gosto de estar acompanhada e de acompanhar. Abrando o passo para que o Outro possa caminhar ao meu lado. Não sirvo para ilha, ainda que procure o silêncio para me escutar e renovar. Prefiro a troca de palavras e até comer de boca cheia para responder a quem questiona. Que desagradável é, fugir do olhar de quem está contigo, refugiar - se no mundo do lado de lá, sem notar quem está de cá. Algo me diz que é falta de educação, mas quem sou eu para apontá-lo a quem já passou há muito os 18 anos!? Não tenho jeito para o silêncio quando sou companhia. Mas respeito. Porém, também reflicto : nem sabes tu, desse lado que és tu, que acabaste de perder uma companheira. 🤔 (Celina Seabra)
É tão fácil perder a paz interior. Achas que está tudo sob control, Que já nada te perturba e surpreende, mas desengane-se quem assim pensa. Somos frágeis e facilmente vacilamos. Algo nasce, incontrolável, dentro de nós e, às vezes, salta-nos "a tampa '. E saltar a tampa pode ser para o bem ou para o mal. Ou desabafas e ensinas, ou calas e ferves, ou gritas e até te arrependes. Ai, não ter eu a capacidade dos estoicos! Não saber eu de um "stoa', um pórtico mágico e viver sempre de acordo com a Razão em busca da efémera tranquilidade interior! Somos postos à prova, ponto. " Inchamos " para desinchar. Cresce a soberba umas vezes , mas entumecemos também. Não é fácil lidar com a injustiça, com os traiçoeiros, com os duvidosos, mas também é difícil ser justiceiro e usar da verdade sem humildade... Apetece-me citar Ricardo Reis "Desenlacemos as mãos..." pois "passamos como o rio." (Celina Seabra)