Não tens que estar sempre bem.
És humana, não és robot.
És Gente, vês e sentes.
O sorriso mascara a tua dor que designas de cansaço.
É dor, porque a rotina se instalou e parece não haver nada a descobrir.
É dor, porque calas a revolta e viras relógio digital.
É dor, porque choras por dentro e o dia escureceu.
Às vezes, precisamos de usar o relógio de corda para pararmos também.
Necessitamos dessa pausa para nos revisitarmos, para nos encontrarmos no labirinto que escureceu.
Deixámos, algures, o fio de Ariane e a bússola para a felicidade.
Não desistir é o primeiro passo e, acredita, em algum lugar encontrarás a janela para continuares o teu voo. Metamorfoses são precisas e não é bom viajarmos sós.
A dois atravessas melhor a ponte que parece estar corroída.
Repara que as aves voam em grupo. A cooperação surge nesse V que observas no azul do céu. O batimento da asa da primeira auxilia o voo da que segue atrás. E revezam-se, quando a sentem cansada. Voar em V permite, ainda, a visibilidade do grupo.
Olhemos para este exemplo de inteligência e amor. Hoje precisas tu de mim, amanhã poderei ser eu a necessitar.
Por esta razão, não deixes de caminhar.
Estou aqui também por ti. ❤️
(Celina Seabra)
Um gigantesco incêndio lavra o meu país. É tão pequeno, este cantinho à beira-mar, e tão grande o dragão que há já alguns dias Tomou posse deste pequeno jardim… É um ser feroz, uma alma diabólica, egoísta, Que saiu das profundezas do inferno Onde estivera hibernado, e teima em fustigar de labaredas cintilantes um cantinho que já fora verde, muito verde, quase de encantar… A cauda chamejante, magnânima, serpenteia o meu Portugal E a alma diabólica, impetuosa, continua a criar paisagens dantescas. E sobre nós, um céu de bronze, asfixiante… As noites surgem avermelhadas e fuliginosas Como se tivessem acendido milhares de archotes. Ao redor, paira a cinza e as faíscas queimam as fagulhas Que já foram pinho… Mas o dragão não é fácil de atacar. Cavaleiros da paz constroem armadilhas e lutam Dia e noite a fim de vencer a Besta. Vidas são dizimadas, ceifadas como ervas daninhas… Ao dragão nada importa a não ser o prazer...
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