É tão fácil perder a paz interior.
Achas que está tudo sob control,
Que já nada te perturba e surpreende, mas desengane-se quem assim pensa.
Somos frágeis e facilmente vacilamos.
Algo nasce, incontrolável, dentro de nós e, às vezes, salta-nos "a tampa '.
E saltar a tampa pode ser para o bem ou para o mal. Ou desabafas e ensinas, ou calas e ferves, ou gritas e até te arrependes.
Ai, não ter eu a capacidade dos estoicos! Não saber eu de um "stoa', um pórtico mágico e viver sempre de acordo com a Razão em busca da efémera tranquilidade interior!
Somos postos à prova, ponto.
" Inchamos " para desinchar.
Cresce a soberba umas vezes , mas entumecemos também.
Não é fácil lidar com a injustiça, com os traiçoeiros, com os duvidosos, mas também é difícil ser justiceiro e usar da verdade sem humildade...
Apetece-me citar Ricardo Reis "Desenlacemos as mãos..." pois "passamos como o rio."
(Celina Seabra)
Um gigantesco incêndio lavra o meu país. É tão pequeno, este cantinho à beira-mar, e tão grande o dragão que há já alguns dias Tomou posse deste pequeno jardim… É um ser feroz, uma alma diabólica, egoísta, Que saiu das profundezas do inferno Onde estivera hibernado, e teima em fustigar de labaredas cintilantes um cantinho que já fora verde, muito verde, quase de encantar… A cauda chamejante, magnânima, serpenteia o meu Portugal E a alma diabólica, impetuosa, continua a criar paisagens dantescas. E sobre nós, um céu de bronze, asfixiante… As noites surgem avermelhadas e fuliginosas Como se tivessem acendido milhares de archotes. Ao redor, paira a cinza e as faíscas queimam as fagulhas Que já foram pinho… Mas o dragão não é fácil de atacar. Cavaleiros da paz constroem armadilhas e lutam Dia e noite a fim de vencer a Besta. Vidas são dizimadas, ceifadas como ervas daninhas… Ao dragão nada importa a não ser o prazer...
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