"Na vida tudo tem a sua razão de ser e cada coisa só tem o valor que lhe damos."
O dia pode ser de sol, mas a tristeza continua a existir.
A chuva pode cair, mas o calor humano afasta a intempérie interior.
O lugar pode ser selvagem, mas a bonina traz-lhe bucolismo.
A casa simples não é sinónimo de mendicidade, mas de organização e praticabilidade.
O gordo só é feio porque o olhar social o rotula por tal.
A deficiência estranha-se por ser diferente.
As aparências continuam a ser a camuflagem do lobo e a insegurança humana faz-nos entrar no covil da besta.
Somos reflexo em vez de espelho.
Somos sugestão em vez de atitude.
Culpa da sociedade que abafa a obra divina.
(CELINA SEABRA)
Um gigantesco incêndio lavra o meu país. É tão pequeno, este cantinho à beira-mar, e tão grande o dragão que há já alguns dias Tomou posse deste pequeno jardim… É um ser feroz, uma alma diabólica, egoísta, Que saiu das profundezas do inferno Onde estivera hibernado, e teima em fustigar de labaredas cintilantes um cantinho que já fora verde, muito verde, quase de encantar… A cauda chamejante, magnânima, serpenteia o meu Portugal E a alma diabólica, impetuosa, continua a criar paisagens dantescas. E sobre nós, um céu de bronze, asfixiante… As noites surgem avermelhadas e fuliginosas Como se tivessem acendido milhares de archotes. Ao redor, paira a cinza e as faíscas queimam as fagulhas Que já foram pinho… Mas o dragão não é fácil de atacar. Cavaleiros da paz constroem armadilhas e lutam Dia e noite a fim de vencer a Besta. Vidas são dizimadas, ceifadas como ervas daninhas… Ao dragão nada importa a não ser o prazer...
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