Permite - te caminhar sem pensares no passado.
Foi bom?
Ainda bem. Permanecerá no álbum das tuas memórias.
Foi menos bom?
Tinha de ser.
Pudeste saber o que é sofrer.
Tiveste coragem para renascer.
Deixa para trás o que te angústia.
Aceitar a Vida sem grandes questões é o cerne da Alegria.
Investe nesse novo caminho
Porque é trilho, é passagem, é estrada.
E se há estrada há rumo,
Há casas, jardins,
Vales e serras,
Mar e Terra.
Aprecia o passeio e deixa que o sol te empreste a luz do calor humano,
o brilho do riso espontâneo
e a incandescência de saber cativar o Outro.
Sê astro - rei mas sê também Lua
Porque há de haver sempre um princípio e um fim,
um nascer e um pôr do sol, esperança e desilusão...
Deixar ir o que já foi teu é ter a coragem de mergulhar em águas novas
sem te despedires da nostalgia do tempo que guardaste,
achando que era para sempre.
Agora, resta dar corda ao relógio
e cronometrá-lo para aventuras novas.
Primeiro, talvez a preto e branco,
Mas com o tempo, as boas vivências hão de dar cor às lembranças
que não desististe de construir.
(CELINA Seabra)
Um gigantesco incêndio lavra o meu país. É tão pequeno, este cantinho à beira-mar, e tão grande o dragão que há já alguns dias Tomou posse deste pequeno jardim… É um ser feroz, uma alma diabólica, egoísta, Que saiu das profundezas do inferno Onde estivera hibernado, e teima em fustigar de labaredas cintilantes um cantinho que já fora verde, muito verde, quase de encantar… A cauda chamejante, magnânima, serpenteia o meu Portugal E a alma diabólica, impetuosa, continua a criar paisagens dantescas. E sobre nós, um céu de bronze, asfixiante… As noites surgem avermelhadas e fuliginosas Como se tivessem acendido milhares de archotes. Ao redor, paira a cinza e as faíscas queimam as fagulhas Que já foram pinho… Mas o dragão não é fácil de atacar. Cavaleiros da paz constroem armadilhas e lutam Dia e noite a fim de vencer a Besta. Vidas são dizimadas, ceifadas como ervas daninhas… Ao dragão nada importa a não ser o prazer...
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