Avançar para o conteúdo principal

Quem sou eu?

Quem sou eu?
Mulher - criança, envelhecida por pensamentos nostálgicos, submergida em emoções infindáveis.
Sou crente e descrente, pois caio muitas vezes.
Sou cética pois a venda com que me fadaram à nascença não deixa passar a luz que moldura todo o meu ser.
Sou otimista porque acredito no mundo, creio em sorrisos, em gestos, em palavras que parecem feitas de cristal.
Sou corajosa porque odeio a falsidade, a injustiça e não deixo " um irmão" na mão.
Sou pelo mais fraco.
Pudesse eu ser fada e seria como Oriana.
Sou cobarde pois dentro do que está certo quebro, choro e contemplo a desilusão.
Sou desilusão de mim mesma.
Sou utopia, porque acredito em finais felizes.
Sou emoção, espuma, borboleta louca que não pressente os perigos da lâmpada que a seduz.
Sou filha, mãe, esposa que ama...
Sou quimera, perdição de mim mesma.
Sou cavaleiro andante, D. Quixote que não sabe combater, mas teima em não desistir.
Sou amante das coisas belas.
Sou filha de Deus ou do Infinito e creio num mundo bom, justo...
Sou fraca e forte ao mesmo tempo.
Sou caranguejo e procuro a concha que me protege, Sem ela não sobreviveria.
Sou intuitiva e " cheiro " o mentiroso, o ardiloso, à distância.
Sou o Hoje e sou passado e temo o futuro.
Sou instável, atriz gestual e boa profissional.
Sou poesia...
Sou vaso, muitas vezes, fragmentado.
Sou e não sou e muitas vezes desejo não ser só que não sei parecer.
Sou o olhar que sabe o que vai na alma de outrem... E este não me vê.
Sou sibila, mas falta-me a varinha de condão.

( Celina Seabra)



Comentários

Mensagens populares deste blogue

DRAGÃO DE FOGO

Um gigantesco  incêndio  lavra o meu país. É tão pequeno, este cantinho à beira-mar, e tão grande o dragão que há já alguns dias Tomou posse deste pequeno jardim… É um ser feroz, uma alma diabólica, egoísta, Que saiu das profundezas do inferno Onde estivera hibernado, e teima em fustigar de labaredas cintilantes um cantinho que já fora verde, muito verde, quase de encantar… A cauda chamejante, magnânima,  serpenteia  o meu Portugal E a alma diabólica, impetuosa, continua a criar paisagens dantescas. E sobre nós, um céu de bronze, asfixiante… As noites surgem  avermelhadas e fuliginosas Como se tivessem acendido milhares de archotes. Ao redor, paira a cinza e as faíscas queimam as fagulhas Que já foram pinho… Mas o dragão não é fácil de atacar. Cavaleiros da paz constroem armadilhas e lutam Dia e noite a fim de vencer a Besta. Vidas são dizimadas, ceifadas como ervas daninhas… Ao dragão nada importa a não ser o prazer...
Entre a gente também há solidão. - Foram mais ou menos estas as palavras da Raposa ao Principezinho. Sábia afirmação. Sorriso pintado é colocado tantas vezes para disfarçar o smile da tristeza, do vazio. Hoje ninguém está só. O ruído atordoa quem se extingue por dentro. A diferença preenche o desequilíbrio. Mais uma madeixas diferentes, uns tattoos extravagantes, uma maquilhagem exuberante e uma indumentária de outro mundo e ficamos sãos! Somos o que vendemos por fora e encobrimos os sentimentos que só angústiam e não resolvem a qualidade de vida. A solidão não faz amigos. Vende-se a felicidade e arranjam-se mil formas de preencher o vazio que se encharca com comprimidos, com alucinógeneos, com apostas miraculosas, com tecnologias diversas que nos encantam, absorvem e cansam... E precisamos de dormir. Não é preciso pensar. Embebedamos a Razão que é má companhia. A tristeza é barreira ao sucesso e o mundo é dos que constroem sucesso e aparentam ser Tão Felizes! (CELINA Seabra)

Pobre vs Rico

" Não peças a rico E não prometas a pobre"... Nunca o provérbio - voz do povo - esteve tão próximo da realidade do meu Hoje. Rico não dá. Queixa-se. Pobre não esquece. Necessita. Rico olha para ti apenas quando deseja extorquir-te alguma coisa. ( " Come a tua carne e despreza os teus ossos". Porque não tem dentes? Porque tem mais olhos que barriga.") Pobre olha para o chão e conta os seus passos no caminho que é de todos. Por vezes, não os distingue. Esquece-se de que são os seus. Rico nunca rouba. Serve-se do dinheiro dos outros para criar o seu império. Pobre pede ou envergonha-se de pedir... Rico tem sempre razão. Ai, daqueles que não lhe derem atenção! Pobre erra. Pede desculpa, titubeia e esconde o rosto na sua própria mão... Rico acha-se rei e pensa estar acima da lei. Pobre conta os trocados para pagar as contas ao Estado. Rico é capitalista. Acumula riquezas com o suor do proletariado. Pobre acha-se socialista. Na verdade, ele é um ideal...