Incompreendido!
É assim que me sinto nesta vida
Sou adolescente
Quero gritar, quero viver
Sem cadeias, sem avisos, sem
consequências, sem temer obstáculos nem sequer pensar que eles possam existir.
“ Não vás por aí!”, dizem-me a
toda a hora.
Mas eu teimo em ir, em avançar.
É a minha vida, não a tua! É
assim que eu quero viver! Não me digas para não ir por aí, para não passar
horas a sós comigo, online, com o
mundo…
Quero estar aqui, entrar neste
mundo virtual que me transporta para todo o lado, sem esforço, sem suar, sem
deixar o sofá ou o poof que está no
meu quarto.
Quero viajar – já te disse! -
,estar online, no facebook, no Gmail, no Twitter, no Instagram… conversar
através do Whatsapp, do Messenger; ser Youtuber, ser Bloguista…
Quero olhar os outros ao longe,
falar a quem não conheço, coscuvilhar a vida fantástica que alguns apresentam
todos os dias, namorar a miúda à distância, usar mais os stikers, os Emoji do que
as palavras, fazer milhões de “ likes”, esperar outros tantos como se a minha
sobrevivência dependesse disso; afundar-me no turbilhão de pixéis e fazer parte
da nanotecnologia…
Não me venhas sacudir deste bem
estar, deste mundo onde tudo já foi descoberto e que vive comigo à distância de
um simples clic.
Que me importa a vida lá fora? O
que há para descobrir? De que cor é o céu, já eu o sei e as flores do jardim
desfolham-se, secam e passam.
Não inventes filosofias.
Também eu hei de passar, mas
enquanto a morte não vier, quero usufruir e fazer parte deste mundo virtual,
onde cada vida permanece suspensa no écran do meu computador, do meu telemóvel,
do meu Iphone ou do meu Ipad…
Tenho fome de amigos que não são
mais do que desconhecidos.
Tenho fome de fotografias, de
fazer download a filmes, de conversar
através de chats e de namoradinhas à
distância…
Tenho fome de não ser eu, de me
reinventar, de me atomizar e fazer também, eu, parte do Universo!
- Mãe,
- Pai,
“ Eu ainda sou o menino que sorri
na fotografia gigante, de moldura azul, que ocupa uma das paredes do meu
quarto.”
“ Eu ainda sou o menino a quem
ensinastes a caminhar, a falar e a amar…”
“ Não esqueço a educação, os bons
costumes que continuam enraizados em mim.”
Mas eu, simplesmente, cresci.
Passei da tela à vida real, de menino a rapaz normal. E acreditem: sou
especial!
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