Avançar para o conteúdo principal

Flash & Faisca

   Fieis até morrer, é assim que os descrevo.
   Dependentes de mim, do meu carinho ( nem que seja apressado), do alimento que lhes ofereço, da companhia que lhes faço, das brincadeiras que lhes proporciono.
   São os " meus meninos" e são caninos.
   Não são exigentes e são obedientes.
   Não falam, mas expressam-se através do latido que tão bem distingo ( se é amigo ou inimigo), através do olhar ( ora doce, ora malicioso, ora raivoso), através das expressões e do exercício corporal.
   São " os meus meninos caninos" de quatro patas, bem dispostos, aventureiros e de ouvido certeiro.
   Sou a sua princesa a quem veneram e amam com paciência.
   - Vícios? 
   - Alguns. Gostam de escavar buracos no jardim e são sôfregos por comida até não ter fim.
   - Ciumentos?
   - Muito! Desde o nascimento. Como filhos "pedem colo" a cada momento.
   - Desejos?
   - Brincar, saltar, rebolar, espreguiçar, dormitar até cansar!
   - Sonhos?
   - Vadiar, seria o auspiciar que ao Flash poderia dar.
   Ao Faísca, brincar, viver junto dos donos, seria colocá-lo num trono.
   - Medos?
   - O Flash de foguetes; o Faísca de raspanetes.
   - Vaidade?
   - Nem por isso, usam a mesma fatiota de segunda a domingo, mas no inverno aceitam a mantinha se lha atribuirmos.
   O Flash usa traje branco, às pintinhas pretas e o seu corpo é o de um atleta. Chamo-lhe palhacinho porque me lembra o Arlequim, em cada intervalo da vida faz com ele um trampolim.
   O Faisca veste de negro e dourado e nas patitas da frente tem bolinhas acastanhadas. 
   E para terminar o elogio, em forma de canção, tenho a dizer-vos que são bons guardiões  e do portão afugentam os ladrões.

( Estrelinha)


Comentários

Mensagens populares deste blogue

DRAGÃO DE FOGO

Um gigantesco  incêndio  lavra o meu país. É tão pequeno, este cantinho à beira-mar, e tão grande o dragão que há já alguns dias Tomou posse deste pequeno jardim… É um ser feroz, uma alma diabólica, egoísta, Que saiu das profundezas do inferno Onde estivera hibernado, e teima em fustigar de labaredas cintilantes um cantinho que já fora verde, muito verde, quase de encantar… A cauda chamejante, magnânima,  serpenteia  o meu Portugal E a alma diabólica, impetuosa, continua a criar paisagens dantescas. E sobre nós, um céu de bronze, asfixiante… As noites surgem  avermelhadas e fuliginosas Como se tivessem acendido milhares de archotes. Ao redor, paira a cinza e as faíscas queimam as fagulhas Que já foram pinho… Mas o dragão não é fácil de atacar. Cavaleiros da paz constroem armadilhas e lutam Dia e noite a fim de vencer a Besta. Vidas são dizimadas, ceifadas como ervas daninhas… Ao dragão nada importa a não ser o prazer...
Entre a gente também há solidão. - Foram mais ou menos estas as palavras da Raposa ao Principezinho. Sábia afirmação. Sorriso pintado é colocado tantas vezes para disfarçar o smile da tristeza, do vazio. Hoje ninguém está só. O ruído atordoa quem se extingue por dentro. A diferença preenche o desequilíbrio. Mais uma madeixas diferentes, uns tattoos extravagantes, uma maquilhagem exuberante e uma indumentária de outro mundo e ficamos sãos! Somos o que vendemos por fora e encobrimos os sentimentos que só angústiam e não resolvem a qualidade de vida. A solidão não faz amigos. Vende-se a felicidade e arranjam-se mil formas de preencher o vazio que se encharca com comprimidos, com alucinógeneos, com apostas miraculosas, com tecnologias diversas que nos encantam, absorvem e cansam... E precisamos de dormir. Não é preciso pensar. Embebedamos a Razão que é má companhia. A tristeza é barreira ao sucesso e o mundo é dos que constroem sucesso e aparentam ser Tão Felizes! (CELINA Seabra)

Pobre vs Rico

" Não peças a rico E não prometas a pobre"... Nunca o provérbio - voz do povo - esteve tão próximo da realidade do meu Hoje. Rico não dá. Queixa-se. Pobre não esquece. Necessita. Rico olha para ti apenas quando deseja extorquir-te alguma coisa. ( " Come a tua carne e despreza os teus ossos". Porque não tem dentes? Porque tem mais olhos que barriga.") Pobre olha para o chão e conta os seus passos no caminho que é de todos. Por vezes, não os distingue. Esquece-se de que são os seus. Rico nunca rouba. Serve-se do dinheiro dos outros para criar o seu império. Pobre pede ou envergonha-se de pedir... Rico tem sempre razão. Ai, daqueles que não lhe derem atenção! Pobre erra. Pede desculpa, titubeia e esconde o rosto na sua própria mão... Rico acha-se rei e pensa estar acima da lei. Pobre conta os trocados para pagar as contas ao Estado. Rico é capitalista. Acumula riquezas com o suor do proletariado. Pobre acha-se socialista. Na verdade, ele é um ideal...