Há já alguns dias que ouço falar em corrupção.
Os meios de comunicação social fazem disso uma presença constante.
José Sócrates, Ricardo Salgado, voltam de novo aos títulos de destaque com que abrem os noticiários.
E nós, ouvimo-los como se "ser corrupto" fosse uma coisa normal. Dizemos alguns palavrões, condenamos os políticos e a Justiça, encolhemos os ombros passivamente e continuamos o nosso dia a dia.
Habituámo-nos a ouvir falar destes " senhores ", de branqueamento, de corrupção passiva, de fraude, porém não esperamos nada da Justiça. Ela continua vendada e surda. E, por isso, encolhemos os ombros. Se a Justiça não prende aquele que deveria ter sido o modelo para o cidadão comum, que poderei eu fazer?
Algo está mal no mundo, porém ser corrupto não é de hoje. A corrupção é muito antiga e, possivelmente, não tem data de nascimento.Em todas as épocas, esta doença - corrupção passiva e/ou ativa - marcou presença na sociedade.
Desde a Antiguidade Clássica que ouvimos falar daqueles que em troca de um cargo, entregaram um amigo ou um compatriota. Ora vejamos: Jesus foi traído por um dos doze, Judas Iscariote, em troca de 30 moedas de prata; Júlio César reconheceu, entre os senadores que o esfaqueavam, Bruttus que protegeu e estimou como amigo;Viriato foi assassinado por três homens de confiança, enquanto dormia; Napoleão Bonaparte foi traído por Talleyrand; Hitler quebrou diversos pactos; Augusto Pinochet traiu o presidente Salvador Allende...
E poderíamos continuar.
E poderíamos continuar.
Não há escrúpulos, quando o objetivo é obter mais um galardão, um rico pedaço de terra e um conjunto de pessoas em quem mandar.
E o povo e o cidadão honesto vão-se adaptando à situação. O crime não é punido, logo p' ra quê comentar ou lutar para ver implementado aquilo que está na Constituição de todo o país democrático e nos princípios dos Direitos Humanos?
Mais! Os corruptos, os ditadores, os malfeitores têm direito a um lugar no livro da História Universal. Dos " pequeninos", da " gente simples" não reza a História. Esses serão lembrados, uma geração ou duas após o seu desaparecimento, pelos familiares e quando estes merecem o seu respeito!
O meu avô, homem simples e agricultor, falava-me da importância da honra.
Honra? O que é ter Honra?
Se abrir o dicionário são vários os significados para esta palavra. Porém, aquele que procuro não tem nada a ver com " ter a honra da sua companhia", ser " agraciado" por alguém, " ter destaque" em determinada situação, " dama de honra ou honor"...
O significado que procuro tem uma mais valia que hoje já não existe! Para o meu avô (e, também para o meu pai), a HONRA ligava-se a atos muito sérios! A promessas inquebráveis, a ações que se perpetuariam para sempre e que passariam de geração em geração. Eram contratos que se selavam apenas com um aperto de mão. E vigoravam para sempre.
Hoje já não se celebram contratos assim. Todos duvidamos da palavra do outro. A sociedade ensinou-nos a sermos desconfiados, a olhar o outro de debalde, a por em causa a honestidade.
E aprendemos com quem?
Pois é, com quem deveria dar o exemplo! Com o político que usa o seu cargo para enriquecer e criar um império; com o juiz corrupto que aceita dinheiro, viagens, imóveis, em troca do silêncio e condena o inocente; com o patrão que usa o trabalho honesto do funcionário para obter lucros e para os usar em seu proveito ( e compra carros potentes, mansões, e faz obras grandiosas...); com o banqueiro que em vez de gerir o dinheiro que lhe foi confiado pelo trabalhador honesto, o usa em investimentos corruptos, em empresas fictícias, em obras que se tornam um fiasco e... o Banco que deveria ser um cofre fechado "a sete chaves" é pilhado pelos " irmãos metralha"! Mas ao contrário destes que vão parar à prisão, os corruptos de hoje permanecem em prisão domiciliária ou compram a sua liberdade em troca de alguns milhões.
Mas há mais exemplos que trocam a sua dignidade por poder: o agente de autoridade que desonra juramentos, a farda e os galardões e aceita subornos, desvia o que foi tomado numa rusga e usa-o em seu proveito; que participa em assaltos contra os direitos humanos e conduz a vítima à escravatura sexual; e até alguns elementos da igreja que propagam a Fé, a Verdade e, depois violam a inocência infanto-juvenil...
Enfim, quem mais apontar?
Quem não sonha em ser rico, muito rico e de forma fácil?
Os olhos também comem e invejam a vida burguesa do vizinho.
Indivíduos de confiança, " homens de honra", que primam pela probidade, pelo decoro, pela decência e que lutam pelos outros, sacrificando-se a si, surgem de tempos em tempos. São flores raras, remédios milagrosos, balsâmicos, que sobre espinhos erguem palácios de cristal e fazem-me acreditar, de novo, na bondade humana e na retidão.
( Celina Seabra)
Mas há mais exemplos que trocam a sua dignidade por poder: o agente de autoridade que desonra juramentos, a farda e os galardões e aceita subornos, desvia o que foi tomado numa rusga e usa-o em seu proveito; que participa em assaltos contra os direitos humanos e conduz a vítima à escravatura sexual; e até alguns elementos da igreja que propagam a Fé, a Verdade e, depois violam a inocência infanto-juvenil...
Enfim, quem mais apontar?
Quem não sonha em ser rico, muito rico e de forma fácil?
Os olhos também comem e invejam a vida burguesa do vizinho.
Indivíduos de confiança, " homens de honra", que primam pela probidade, pelo decoro, pela decência e que lutam pelos outros, sacrificando-se a si, surgem de tempos em tempos. São flores raras, remédios milagrosos, balsâmicos, que sobre espinhos erguem palácios de cristal e fazem-me acreditar, de novo, na bondade humana e na retidão.
( Celina Seabra)
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