Já não sou uma criança, mas a menina de outrora continua viva dentro de mim e, ainda, mais saudosista.
As cantigas infantis, os contos tradicionais, as quadras populares continuam a fazer parte do meu álbum memorialista.
Hoje, o meu pensamento foi para um muito especial que guardo juntinho às emoções: o poema Levava eu um jarrinho..., retirado de um conjunto de poemas infantis ( Poemas para Lili), de Fernando Pessoa.
Poeta para todas as idades e para todos os gostos.
Vale a pena lê-lo, memorizá-lo, declamá-lo e, quiçá, representá-lo.
(Celina Seabra)
Levava eu um jarrinho...
Levava eu um jarrinho
P’ra ir buscar vinho
Levava eu um tostão
P’ra comprar pão;
E levava uma fita
Para ir bonita.
Correu atrás
De mim um rapaz:
Foi o jarro p’ra o chão,
Perdi o tostão,
Rasgou-se-me a fita...
Vejam que desdita!
Se eu não levasse um jarrinho,
Nem fosse buscar vinho,
Nem trouxesse uma fita
P’ra ir bonita,
Nem corresse atrás
De mim um rapaz
Para ver o que eu fazia,
Nada disto acontecia.
Fernando Pessoa
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