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Mensagens

A mostrar mensagens de 2022
  Ninguém muda quem não deseja ser mudado. Ninguém convence quem já está convencido. Ninguém ama pelos Outros. Ninguém seduz quem por ti não se deixa enfeitiçar. Ninguém se demove por ver as tuas lágrimas e, ainda que os joelhos se dobrem para demonstrar, Só perdoa quem ama de verdade. Cativar leva tempo E o tempo nem sempre se deixa enredar. Talvez um dia, Naquele dia que um dia virá, A vida, vestida de metamorfoses surpreendentes, Diga ao tempo que a gente é fugaz, Nada conta, Somente o Amor que espontaneamente dás. (Celina Seabra)

Receita para um dia pacífico

  Receita para um dia pacífico: - abrir as janelas do quarto para arejar a porta da consciência mal desperta; - sacudir a preguiça abrindo os braços para o alto, como se embalasses um filho; - inspirar e expirar cinco vezes; - limpar e abrir o sorriso e treiná-lo diversas vezes. Por exemplo, sorri para o dia que acabou de nascer e que continuas a ver, sorri para quem está ao teu lado, sorri para o céu, sorri para as aves, para os teus animais de estimação e sorri para ti, como se olhasses Deus; - faz a tua primeira oração e deixa voar os teus pensamentos; - sê corajosa e afasta o medo (pode ser devagarinho); - alimenta o corpo - a gosto e q. b. - pois o importante é esse bem-estar que vem de dentro; - arranja-te e mima-te - é importante sentires-te bonita. A beleza interior também irradia nessa consonância; - prepara os teus passos e sê firme. Confia no que há de vir, porque muito depende de ti. Não imaginas o quão importante és para quem passa por ti,a fingir que é feliz. - Abraç...
  Viver. Sopro com que entraste na arena dos    Mortais. Luta que não escolheste mas que aceitaste no primeiro grito que irrompeu no universo e te batizou. Despique entre a tristeza e a vontade de te vestires de alegria. Queda em cama de rede Que te ergue e te faz carregar o archote que ilumina o teu caminho e o dos outros. És fiel a ti e ao teu querer, Ainda que pedras ladrilhem o caminho que desbravaste em cada descobrir. És bússola nas noites em que o luar se esconde: Acendes estrelas que te coroam Mulher, dona da vida que te entregaram para viver. (Celina Seabra)

Madrugada escura

-  Encosta a porta! Não deixes entrar a madrugada de Outono! Observo o que pouco se vislumbra. A porta está aberta e Ela já começou a entrar. É enorme! As sua saia volumosa ocupa quase todo o espaço e traz mistério. Quero olhá-la nos olhos, mas não os encontro. São fugidios, quase tímidos. As estrelas apagaram-se e deixaram uma madrugada cinzenta, ainda muito vestida de carvão. Parece trazer consigo os pesadelos do mundo. Ocupou a minha alma e está mais pesada. Não gosto, porque sabe-me a tristeza e eu quero - a dali p'ra fora. Recuo. Agora só somos toque, paradas à frente uma da outra. Os seus olhos são pontinhos de mendiga. Está só. Abri-lhe a porta e ela entrou, mas não é perscrutadora nem exigente. O seu traje enorme, de dama antiga desmazelada, incute cautela. Toda ela é mistério e está sedenta para encontrar uma amiga e narrar as suas histórias. Mas a mim sabem a mistério, mágoa e solidão. Quero uma madrugada rósea, primaveril, com trinados de pássaros e zumbidos de insetos. ...

Sombra em mim

  Sou sombra em mim. Não me toques! Tenho o dom da destruição, a começar por mim. Não te enganes com as aparências. Há janelas que colocam cortinados coloridos só para o lado de fora. Não me vejas por dentro. Vais desiludir-te por entre escadarias frias que não levam a nada. Não te percas em me decifrar. Melhor seria leres o livro que adias há algum tempo e que te ensina a amar. Não esbanjes tempo em campos áridos. As flores não rebentam em terra seca nem a água a quer para a desbravar. Não te prives da luz que o mundo te oferece e arranca as cadeias que te fazem vagabundear. Sou sombra, espetro que desempossa os outros da felicidade; não me persigas! Por isso, emerge,   solta em golfadas a água que te impede de respirar e cruza o oceano, para longe deste lugar.   - Sou sombra, já te disse. Busca o sol, deixa-me só a mim, assim, a eclipsar.   (Celina Adro Morgado Seabra) Coimbra
  A vida é um rio que corre em direção ao mar. No início, regatozinho tranquilo e puro, Sabe a canção de ninar. Depois,  lago amplo e transparente,  espelho onde se mira o sol e o luar. Mais tarde, rio, braço forte que navega correntes contrárias só porque a vida também tem obstáculos a transportar. A vida é regato, lago e rio que desaguam no mar.      É aqui que se faz o balanço                                                 das lutas e sucessos, dos medos que tiveste de enfrentar.                                                                          (imagem retirada da internet) É, finalmente o lar, o d...
  Eu perdoo, Mas não esqueço. O tempo ameniza os dissabores, as angústias, as zangas. Liberta - nos do peso no coração, Dos pensamentos repetitivos, como feridas que custam a sarar. O tempo seca as lágrimas, Amacia a mágoa que pesa e entristece, Lava - a e esfrega-a, Como a lavadeira bate e torce a roupa  e depois põe - na a corar.  O sol tem o dom de dissipar a nódoa e cavalga no tempo para o domesticar Porém, . não esqueço quem me fez infeliz... Reconheço o seu rosto e a marca que o sol encobriu e o tempo engomou. Tornou-se mais leve olhar para ti. Quase desapareceu a dor que a mágoa plantou. A mancha quase se evaporou no espelho da alma. E,  um pouco mais de tempo,  aposto que desaparecerá a fenda que sacudiu a vidraça  e bloqueou a luz. Porque o Tempo sara  e os ciclos da vida varrem o que não interessa. Fardos desnecessários  acabrunham. E eu tenho de plantar o Amor. Perdoo, Mas não consigo esquecer quem me fez infeliz. - Lamento, m...

PARTIDA (acróstico)

P ortal para uma nova a ventura tecida no tempo que agora escrevo. R asgão que se abre no horizonte que ainda mal vislumbro, mas que já sonho. T empo de inquietude, de virar a página para escrever novas narrativas. I nvasão interina, mapeamento do que nós ainda não conhecemos. D ança de pensamentos, telepatia da saudade que vem colada aos poros do ADN que herdámos. A manhã                       rascunhado a carvão e pintado com lápis de cera. (Celina Seabra)                                                                                                                         ...

Despedida

Dou-te os meus beijos e abraços  para levares na bagagem  que fizeste para a tua viagem. Entrego-te o meu Amor  que não poderás transportar todo contigo. Sonho p'ra ti, futuro risonho e Peço a Deus que te siga com o seu olhar límpido,  farol para as noites frias que possas vir a passar. Enlaço o tempo para não te atropelar  na tua pressa por descoberta e Deixo a chave da proteção maternal, momentaneamente, fechada na  Inércia de não pensar. Deixo-te partir, porque tem de ser.  Cresceste e Abraças os sonhos que desabrocham ao teu redor. (Celina Seabra)
  Q uase, quase a iniciar um novo capítulo no livro da vida. A viagem fez-se tranquila e deixei para trás uma história bonita.  O espaço abriu-se e descobri enredos e personagens singulares.  O céu foi meu companheiro todos os dias e o silêncio fez-se, muitas vezes, oração: eu e Deus,  Deus e eu, eu e o Infinito, o Infinito e eu.  Passei a olhar mais para o céu  e menos para baixo. A Paz pegou - me na mão e prometeu não me largar. E foi assim que finalizou este ano letivo / este recente capítulo. Trouxe, agarradinha a mim,  saudades,  aprendizagens e muitas memórias! Sinto e releio, através dos olhos da alma ( os mais verdadeiros!)  os sorrisos,  os abraços,  as conversas,  os desabafos,  as gargalhadas e, também, algumas lágrimas. Trago a sabedoria do "PARTILHAR faz-te tão bem!" Carrego comigo muitos enlaces genuínos e eternos! A música que ouço é, ainda, a das vozes dos meus "pequenitos".  Foram-me dados, todos os d...
  Esta solidão sou eu. Não sou tristeza, Nem antipatia... Sou silêncio, Paz sem nome, Som sem ruído. Só trinados em sinfonia nascidos da mão de Deus. Esta solidão é feita de encontros comigo. É descoberta e banhos batismais. É a conversa entre o início e o meio para preparar o fim. Esta solidão sou eu Que procuro decifrar o alimento Com que saciarei o meu presente. É a minha forma de refletir no Agora, De meditar a essência do que fui e sou. (Celina Seabra)                                                            ( imagem retirada do Pinterest)
  O gigante continua adormecido. Há séculos que se entregou à Terra, sua amante inebriante. Entregou-lhe as armas de guerreiro e fez-se agricultor. O seu corpo, Estendido ao comprido, floriu em oliveiras e pinheiros mansos. Hoje, Ouve o chilrear dos pássaros e o vento canta canções de paz. Quase esqueceu os gritos de quem sente a lâmina da morte e o fogo inimigo. O sangue foi lavado pela chuva que o visita para a rega.  E os gritos sossegaram em preces. O rugido do gigante uniu-se à seiva e agora só brota Vida. Tivéssemos nós a capacidade de entregar as armas, para construirmos a Paz todos os dias. Felizes os que reconsideram e se entregam a nobres causas! (Celina Seabra)
  Não gosto de olhar para trás.  É como ensinar o caminho à perdição. O que vivi, foi-se, porque tinha de ser e não me apetece viver o passado. Não foi triste, ainda que sem surpresas.  Foi brisa passageira, uma história normal entre gente vulgar. Não me apetece olhar para trás.  A criança que fui, trago-a comigo, entre sucessos e derrotas.  Libertei-a da capa do medo desnecessário.  Bastava ter acreditado em mim, mas Sufoquei - me em complexos ridículos e tive medo de voar. Abrir as asas e lançar - me em voo demorou o seu tempo.  Não era condor, era rola assustada a aguardar o vento certo. Hoje o voo fez-se de aceitação e experiência.  Não embarco em voos altos, porque prefiro a estrada para caminhar  e há ali gente por encontrar. (Celina Seabra )
  Este é o nosso dossel. Feito dos raios de sol e do verdejante da natureza,  que nos abriga da intromissão. A música romântica - francesa -  embala os nossos sussurros,  doces suspiros que Afrodite nos deu a provar. A paz espreguiça - se ao nosso lado.  E sorri por nos ver felizes e saciados. O Amor  enroscou-se nos nossos corpos que se fundiram num só. A magia de nos pertencermos ainda não se foi. Neste nosso canto de mundo,  renovamos votos, apreciamos as marcas que o tempo tatuou e juramos fidelidade eterna. (Celina Seabra)
  Deste lado estou só eu. É aqui que me revejo e me realizo. Sem espelhos, sem regras,  ao natural,  despida de tudo e longe de todos. É aqui que sou eu: assim, imperfeita, sem roupagens, sem cerimónias. Esta sou eu, entre flores e borboletas, vestida do oiro solar nos dias longos de Verão, trajando o prateado ao luar. Pés descalços na terra, minha morada eterna. Aqui sou a minha verdade e acho graça à singularidade do meu Eu. Sou filha do infinito. Sou grão de areia. Sou nuvem, nos dias cinzentos  e estrela nas noites de insónia. Descubro-me e desculpo-me. Prendo-me à corda do tempo e contemplo a alegria de ter sido viajante este tempo. Ouço os risos,  os soluços presos na garganta, as vitórias aquando o  teminus. Hei de partir, novamente. O passaporte - para embarcar rumo a outro sítio,- aguarda-me na surpresa que se abrirá em breve. Porém, é Aqui, a este lugar  do lado de cá Que desejo sempre regressar. (Celina Seabra)
  Tal lobo faminto que não encontra presa nas serras distantes e lugares recônditos,  o fogo desce às localidades e assusta o povo incauto. A chuva aprisionada no universo sofrido, espreguiça, nas suas férias prolongadas.  Os óculos de sol adormeceram a sua sede e agrada-lhe o morno dos dias que se espraiam à distância. As rezas não chegam aos ouvidos, entretidos com a música celestial e ligados aos auriculares. Os homens merecem este tempo de reflexão.  O universo arde numa imagem apocalíptica.  É lamentável tanto egoísmo e distração.  Guerras inexplicáveis, fundadas em desejos megalómanos acentuam a fome.   Dinheiro mal distribuído e mal empregue. Direitos vandalizados e deveres trocados.  Declarações, leis, palavras escritas guardadas em folhas amarelecidas.  Floreado fingido... Fútil. (Celina Seabra) Imagem retirada do Pinterest
  - Mentir é feio, meu filho. Mentira tem perna curta e horas contadas.  É máscara que, de repente, cai. É ilusão passageira.  É punhal cravejado de ignorância.  É ocultar na noite a luz que despe as sombras do embuste. Mentir é perder a confian ça de quem em ti acreditou.  Por isso, desfralda, meu filho,  a bandeira da verdade  e ergue bem alto, o archote da coragem. A Verdade foi feita para ser guia da tua viagem. (Celina Seabra) Imagem retirada do Pinterest
  Desde que o tempo mudou o meu tempo, a vida foi de descoberta, de  encontros e paragens.  Viajo não só por cidades, como paro em apeadeiros.  E é nestes que encontro a magia do ser humano e quase a sua perfeição. Passei a ser viajante e desço em estações novas.  Os transeuntes - estranhos no início -  sentam-se ao meu lado e contam-me histórias da vida. Às vezes, entrelaço-as com as minhas e passam a ser o meu terço de oração. Outras, faço delas talismãs e são bússolas quando se abre o abismo. Sou viajante sem roteiro e o amanhã é incógnita, porque ainda é amanhã. Se o mundo não idolatrasse a futilidade, até esqueceria as regras sociais. Não sou presa do relógio e amo a calma. - Esse caminhar tranquilo, sem rumo, sem stress, sem medos, sem cadeados. Sou filha do tempo que passa e herdeira da eternidade.  Por isso, não me apressem!  O caminho não acaba e chegar tarde não é o fim do mundo.  - É  só a minha forma de andar distraída dos ri...
  Sono, onde estás? Procuro - te, mas teimas em não me fazer companhia.  Abandonas o lugar que aqueço a algumas horas.  Viajas para longe do que são os recônditos dos sonhos e deixas-me nesta espera, por vezes, sofrida.  Não durmo e penso de olhos fechados.  São sonhos em claro e pensamentos soltos.  Criam ansiedade porque o tempo lembra-me que passa e os ponteiros,  que giram sofridamente há séculos, não estagnam. Vem sono, meu companheiro vadio,  vem e traz-me o véu do esquecimento diário  e os sonhos que me hão de embalar pelo subconsciente indecifrável. Possui a minha mente teimosa e domina-a para que a doença passe sem sequelas. Procuro - te no comprimido que há de contribuir para a perda da memória do que fui.  Será o domador do meu sono que se esquece de mim. Vem, sono, meu exigente  tranquili zador. Conta histórias, salta números, rebanhos de ovelhas que se recusam a abandonar o redil. O silêncio diz-me que andas por aqui....

Não entendo

  Famílias de coração, só conheço a que Deus me deu. Não entendo que quem as tem se sinta órfão. Não entendo que quem tem mãe, pai, filho(a), tio(a), avô(ó) Chame Outros assim. Não entendo.   Sou muro. Trepem-no. Verão que sou barreira virtual.   Sou séria, Deem-me um abraço, Cantem-me uma canção, Escrevam-me um poema, Uma frase E verão que derreto.   Sou de todos? Sou só dos que amo e daqueles em que acredito.   Sou diferente? Também o podes ser.   Sou dura? Mas não sou fingimento – esse faz-me cócegas na garganta e na alma.   Afasto-me? É o meu jeito de não te ofender e de não me magoar.   Sou solitária “entre a gente”? Tenho Deus comigo.   Só não entendo o jeito das pessoas esquecerem o princípio e o fim.   (Celina Seabra)
 Porque procuramos o AMOR? Sedentos de afetos, de beijos e abraços, galopamos ao encontro de histórias de encantar e abrimos baús misteriosos. Surpreendemo-nos com o brilho e inebriamo-nos com o perfume, que é exótico,  e mistura a alegria, o encantamento, a paixão, o êxtase e a paz. De repente, o cenário do encontro idílico cede lugar ao palco despido. Foi-se o papel que encobria a realidade e surgem as dúvidas - o coro das incertezas que incomodam a emoção. A Razão é cruel, desumana! Corremos atrás do amor como o espanta espíritos para a solidão. Queremos viver lá fora o que deveríamos plantar em nós. Criamos o desencanto,  mas teimamos em mendigar Amor. (Celina Seabra)
 Desistir? Nunca! Podes cambalear, tropeçar, cair, mas não desistas,  continua! Olha o sol que também repousa, todas as noites no horizonte. Parece morrer, mas abriga-se para renascer. Contempla a lua, ora cheia, grávida de vida,  ora em barco, para incitar à viagem,  ou então, linha brilhante que fecha as pálpebras para depois se incendiar de novo. Os opostos existem para se deslumbrarem. Sedução,  repulsa, Amor, desencanto, Alegria, angústia, binómios que rompem casulos e deixam sair borboletas. Não desistas. Grita a tua dor.  Enrouquece para a deixar partir. O infinito há de engoli-la. Resta-te enraizar-te ao universo para desbravares caminhos. Há mãos que sangraram para esquadrinhar saídas, mas conduziram à tua libertação. Recorda: vão-se as unhas,  ficam as mãos! (Celina Seabra)

Carnaval

C hega sempre à terça-feira. A ntigo, sem datas certas a confirmar. R i e canta até te cansares, pois amanhã terás ( ou não) de jejuar. N oite de folia, de ruido, de exageros, fantasias, máscaras e alegorias. A vé, César! Hoje sou rei! Amanhã, enforcado... não sei. V inho e carne, frutas afrodisíacas, promiscuidades até entontecer!  A uge da vida e da alegria, como se não houvesse outro dia. L iberto-me das regras sociais, porque hoje sou Tudo até ao alvorecer! Amanhã,  amanhã... a mim regressei. (Celina Seabra)

Eco da Paz

 Paz, uma folha que se desprende da universalidade  e voa em direção ao horizonte. Quem a apanha? Quem a deixa partir sem dela cuidar? Quem, distraidamente, se esquece de a alimentar? Todos somos responsáveis pela paz. Então, porque a tomam como segura e se esquecem de a proclamar? Eu sou a Paz. Tu Paz serás. Ele e Ela serão seus discípulos e mantê-la-ão segura. Nós paz construiremos. Vós recebê-la-eis para que  Eles e Elas possam em paz viver. (Celina Seabra)

Vidro

 Quis inventar um tempo que já passou. Sentia falta da cumplicidade e da satisfação plena. Eu era completa e não sabia, mas o espelho que eu serigrafei  era demasiado frágil e caiu. Pensei colá-lo, restaurá-lo, mas sem o fogo intenso que o derrete  não pude modelá-lo na perfeição. As impurezas entranharam-se até ao tutano, faltou-me o sopro (saiu grito) e não fui capaz de o manter límpido como o fantasiei. Fui idealizadora e o reflexo que sonhei era só o meu  e o de mais ninguém. Manchas e bolhas surgiram para o deformar. Faltou-me a temperatura certa ou, então, Deveria tê-lo deixado ficar assim:  despedaçado,  resfriado e junto de mim. (Celina Seabra)