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Mensagens

A mostrar mensagens de 2018

Futuro

Os meus pensamentos são a minha visão interior. O pulsar tranquilo do coração diz-me que Tudo vai ficar bem. A tempestade vai passar, mas ainda não surgiu. A brisa morna alerta-me para o fingimento. " Cautela, não confies!" - avisa-me. - " A intempérie há de chegar!" Leio-me por dentro. Sou maga, mas não domino a magia. Os meus sentidos são os meus guias. Iluminam-me o caminho que ainda desconheço. Lá longe, no cruzamento para onde caminho, hei de parar E só ali decidirei o trilho novo a pisar. Haverá uma ponte para outro lugar? Apuro os ouvidos no silêncio que ecoa por dentro de mim. O mistério é imenso e desconheço-me. Suspensa sobre um caminho feito de livros penso no que ali posso escrever... O que lá está já não é meu... As páginas abrem-se em branco. O passado esfumou-se. Livro sobre livro... Construo uma escada para um novo voo. De livro em livro, subo um degrau para poder ver. A imensidão é igual à que observo dentro de mim. Planícies e...

Depois de ires...

O mundo perfeito envolve quem eu amo. Mas quem eu amo foge de mim... Abro a minha porta e a minha alma mas fecham-me a deles. Sou olvidável... Sorrio para não mostrar o meu choro de criança... Procuro o ilusório. Domino as palavras para não errar... Quem eu quero esconde-se de mim. Dentro, ouço um coração que volta a despedaçar-se. Vieste e foste e nem notaste que se partiu, novamente. Sou para Ti um cristal passageiro. Brilho, mas não te aqueço. Precisas de estrelas e eu sou a Lua. Sonho ser sol, mas sou o reflexo da sua luz. Em mim renasço para continuar a viver: cresço, diminuo, desapareço e volto a renascer... Por ti... Mas não dás conta. ( Celina Seabra)

Árvore de natal

Hoje quero pintar o meu coração de natal. Quero procurar a menina que ficou lá longe, a que sabia viver essa quadra. Quero rezar com ela. Quero pedir ao Menino Jesus proteção divina para os meus amores, para aqueles que são sangue do meu sangue. Quero erguer bem alto a árvore que resvalou, carregada de ramos inúteis. Para crescer para o alto, não precisa de acessórios! Quero-a liberta de frivolidades, para que não faça sombra a ervas daninhas. Vou retirá-la desse terreno baldio e imprestável… Vou cortar-lhe os galhos que podem cair a qualquer momento e ferir… (talvez, a mim…) Quero os insetos e os fungos longe dela. Quero a minha árvore arejada! Quero que o vento e a brisa a purifiquem... Depois, vou enfeitá-la com os sorrisos e os olhares daqueles que me cativaram. Não preciso de gargalhadas. Preciso de sorrisos compreensivos e recíprocos. No cimo colocar-lhe-ei o meu coração. Ali, talvez, o Céu se compadeça e deixe cair sobre ele estrelas da paz e ...

Pobre vs Rico

" Não peças a rico E não prometas a pobre"... Nunca o provérbio - voz do povo - esteve tão próximo da realidade do meu Hoje. Rico não dá. Queixa-se. Pobre não esquece. Necessita. Rico olha para ti apenas quando deseja extorquir-te alguma coisa. ( " Come a tua carne e despreza os teus ossos". Porque não tem dentes? Porque tem mais olhos que barriga.") Pobre olha para o chão e conta os seus passos no caminho que é de todos. Por vezes, não os distingue. Esquece-se de que são os seus. Rico nunca rouba. Serve-se do dinheiro dos outros para criar o seu império. Pobre pede ou envergonha-se de pedir... Rico tem sempre razão. Ai, daqueles que não lhe derem atenção! Pobre erra. Pede desculpa, titubeia e esconde o rosto na sua própria mão... Rico acha-se rei e pensa estar acima da lei. Pobre conta os trocados para pagar as contas ao Estado. Rico é capitalista. Acumula riquezas com o suor do proletariado. Pobre acha-se socialista. Na verdade, ele é um ideal...

Mary Did You Know by Clay Aiken

Mary did you know? with Lyrics - Performed by Stephanie Hunter - Pentato...

Palavrões e mais palavrões

Hoje apetece-me usar a linguagem de lixo que ouço todos os dias aos alunos que frequentam o Curso de Mecatrónica! Aquelas palavras, que caem mais frequentemente do que moedas rolam dos meus bolsos, fazem eco nos meus ouvidos. Ouço-as como quando alguém usa o pau de giz no quadro sem o partir! Roçam a minha lucidez e molham o meu bem estar.  A água límpida que é a minha serenidade fica, momentaneamente, emporcalhada. Às vezes finjo que não ouço. São palavras loucas, fúteis, inúteis, sem nexo... Mas cheiram-me a encardidas. E quando os alerto para o contexto em que se encontram, para as regras de bem conversar, olham-me como se eu fosse uma aberração. Falar mal está na moda! E não pensem que os palavrões bestiais, que são pronunciados em uma ou duas orações, são pertença apenas, de um grupo marginal ou de província! Os meninos ricos, de boas famílias também as dominam.  Hoje, parece-me que TUDO passou a ser visto como permissivo e usual.  Falar mal o portuguê...

A meio

A meio. É assim que me encontro. A meio da vida. A meio do objetivo que havia traçado. A meio da estatística que fizera para a minha realização pessoal. A meio do caminho que aceitara como certo. Entre tudo e nada. A parede mestre abriu uma fenda demasiado profunda e deixou de se equilibrar. Ficou apenas o chão para caminhar. Parei a meio  E agora não sei por onde andar. Busco a janela para o ar poder inspirar. Não é hora de me apiedar. Acobardar, abrandar, afundar verbos para no precipício saltar... Estou a meio... A meio de Tudo e de Nada. A meio da tela pintada  E agora esborratada. A tempestade despoletou O trovão ecoou. Anoiteceu em mim. Súplica pela manhã. Que o sol raie de mansinho. Preciso, urgentemente, retomar o meu caminho! Porque estou a meio... ( Celina Seabra)
Pudesse eu voltar ao útero materno e não quereria nascer. O óvulo que foi fecundado não eclodiria. O relógio humano não seria fertilizado e não se contariam os dias da minha gestação. Melhor seria ser nada para nunca ser tratada por Nada. (Estrelinha)

Noite

Gosto de Ti. Que estranho, esta vontade de fazer parte da noite! Gosto de quase tudo em Ti. Gosto do silêncio e de o apreciar e de poder escutar o bater do meu coração. Gosto de Te ouvir dormir ao meu lado. Gosto da chuva que cai lá fora e do calor que me aquece do lado de cá. Gosto de sentir que este é o meu mundo e me pertence. Aqui estou segura. Agora, esta noite e muitas outras em que ouço tranquilamente este silêncio que me aconchega à vida. Os meu ouvidos percorrem toda a casa. Está tudo calmo e há paz. Neste silêncio entregar-me-ia à morte ou a um sono de cem anos. Não preciso do mundo, preciso apenas de paz e deste silêncio que me aconchega a ti e me afasta das dúvidas. Aqui tenho tudo o que mais amo. Neste silêncio, e acordada ainda, zelo o sono do filho que dorme já de porta fechada.  Quantas vezes rezei para que o teu sono, afastado de mim, fosse povoado de sonhos bons e de anjos vigilantes. No outro quarto, da porta encostada, posso ouvir ...

Canção para Ti

Eu e Tu fazemos um Todo. Sem Ti seria apenas Eu. Talvez não soubesse escrever SOLIDÃO... Talvez não existisse este frio que arde em mim, nem este imperativo para te procurar. Mania de não saber viver só! Quem me moldou neste ser pensante e errante, ao mesmo tempo? Cravejaram em mim esta teimosia de partilha e ardo por fazer dela oferenda. Preciso urgentemente de TI! Como Tu precisas de Mim ou, até do Outro. És água que refresca o meu contentamento. És fórmula mágica que revitaliza o meu bem-estar. És o ombro amigo que me conforta. És noite, meu abrigo aconchegante, és abraço onde caibo até me libertar. És chocolate prazeiroso, és meu alimento espiritual. És meu guia, meu pastor, minha relíquia. És o cristal que me deixa brilhar. És cofre sem chave que encontro no fundo do mar. Preciso de Ti! Tens de me terminar! Sem Ti, sou história por acabar. MORAL: Todos os seres humanos precisam de Outro para se completarem. ( Celina Seabra)

Para lá da multidão

Não sei bem quem Tu és, mas trago-te no coração. Procuro-te entre a multidão. Onde estás? Sei que do outro lado também me procuras. Sei que também anseias pelo meu abraço, pelo meu colo, pelo meu beijo. Não estás só! - grito-te daqui, por telepatia. Avança! O caminho parece não ter fim, mas hás de encontrar-me em alguma encruzilhada da vida. Hoje? Amanhã? Em outra vida? Encontro-te Hoje, em cada irmão que me procura e me dá a mão. Beijo-te através da criança a quem dói o arranhão. Conforto-te quando lhe desalinho o cabelo com que o vento brincou. Cinjo-te,  quando abraço o universo onde não sou nada porque o infinito é Tudo e Nada ao mesmo tempo. Amo-te, quando me realizo em gestos que despertam sorrisos e pequeno prazeres... Quero ser Feliz, enquanto te espero. A pele enrugar-se-á, mas quero o meu coração jovem para te receber. Entretanto, caminho entre a multidão onde te encontrarei.

Ensino Profissional... Pim, pam, pum!

ENSINAR. O quê? A quem? A Bestas? A ignorantes? A insensíveis? A indiferentes?  Quem?  Eu? PROFESSOR. Que profissão é essa? Formação? Mas que formação se o que tens à frente é má-educação? Pobreza de valores. Imbecis, incultos, broncos, grosseiros, boçais, néscios, pretensiosos, rudes, SELVAGENS! ESCOLA. Dizem os astutos : "a escola tem como função ensinar, formar cidadãos com saberes indispensáveis para a sua inserção na sociedade." Eu, também, acreditei que sim. Outrora - e não foi durante a Ditadura- os professores preparavam as suas aulas, ensinavam, reinventavam estratégias para aprender a atenção e, quase sempre, havia uma resposta positiva. Não se batia. Não se ofendia. Chamava-se à atenção e pedia-se perdão. Partilhavam-se saberes. Os tempos modernizaram-se e os Senhores MUITO IMPORTANTES e aos quais não falta palavras para redigirem um bom artigo e um bom livro, vieram dizer: " É preciso que a escola trabalhe com a realidad...

Filtro

"- Espelho meu, espelho meu, há alguém mais belo do que eu?" A minha imagem não será a imagem que tens de mim. O meu corpo mente e não sabes disso. Só revelo o que me interessa mostrar. Parecer. Eu vejo-me a mim mesmo.  Tu olhas apenas o reflexo no espelho do teu olhar. Não me conheces. Sou quebra-cabeças. Sou o que a sociedade me revelou em imagens e em estereótipos e protótipos. Sou o que os sentidos apreendem. A visão que cobiça a luxúria, a beleza, a ilusão... Relativizam o que sussurra o coração. A audição que interpreta os sons, a opinião, a superficialidade e todos os segundo sentidos que daí advirão. O olfacto que engana o palato. Transformação. Filtro da autodestruição. A imagem foi a que criei e pensei. Resta saber se, verdadeiramente, de mim aqui falei. ( Celina Seabra)

Caminhante

Hoje sou caminhante.  O caminho que percorro não é fácil, mas faço-o com Fé. O que tenho a perder? O que tenho a ganhar? A vitória consegue-se nas asas da esperança. A alegria, na emoção espontânea de ter chegado. O Amor nos braços que se estendem para te embalar. Meus pés estão secos por trilharem caminhos onde brotam abrolhos. Mas a minha alma permanece intacta. Tão jovem como me recordo de ser. Uma luz incendeia-me por dentro e não tenho medo. Até mim chega uma Coragem que não é visível. É minha bússola, minha consciência e minha confiança. Hoje continuo caminhante. Peregrina em busca do tesouro que não é material: a Paz. A minha PAZ. ( Celina Seabra)

Arrojo

Quando tiver coragem vou fazer "das tripas coração", o que quer dizer exatamente o mesmo: entrar em ação; ganhar determinação e confiança para embarcar numa nova viagem. O medo há de criar borboletas na barriga. A respiração vai aumentar de ritmo, mas não interessa porque  o primeiro passo já foi tomado. O certo? O primeiro.  Aquele que nos impele para a frente. O que nos permite visualizar o Horizonte. Ainda é linha horizontal lá longe, mas é uma meta. E as borboletas hão de voar e com elas a taquicardia, o receio da imperfeição... E a respiração há de entrar no ritmo do bater tranquilo do coração. O importante é partir. O importante é desfragmentar o medo e constatar que a mudança é necessária e saudável. O mérito será teu. A bonança atinge-se quando conseguires controlar o teu Eu. Tarefa difícil?  Capitão da tua Vida, âncora do teu navio, sem perder o leme... Desvios? É para isso que servem as velas. Arma-te de audácia e não lamentes o ...

Entre o sonho e a realidade

Durmo. Um sono incómodo, irrequieto, cheio do turbilhão da vida que deixou de ter o sol como relógio. Stress. Angústia. Incertezas. Outrora sonhava acordada. Outrora eram canções de embalar e adormecia.  Por vezes, o sonho dava continuação ao filme que formara em imagens antes e projetava-se, agora, na tela da imaginação. Estrelas puxavam-me num voo alto e podia atingir o céu. O universo era o meu caminho. O Amor sentava-se ao meu lado e contava-me histórias com um final feliz. Sentia-me sibila e acordada escrevia o meu destino e, por vezes, o dos outros. Num torvelinho e agasalhada dos temores que me perseguiam lá longe, não tinha medo. A realidade era outra. A taquicardia da rotina que impede o Homem de ver a beleza que o rodeia, agarrava-me com as  suas mãos gélidas e o equilíbrio tornava-se pânico, desassossego, sofrimento. O Medo tornava-se Rei e Senhor. A prece vinha exorcizar o pânico e só assim me aventurava no que apelidam de Vida. Hoje já não so...

Acróstico

F iltro para todas as impurezas sugadas ao longo do ano. É a época ansiada por todos. sobretudo quando há saúde e se corre atrás da Felicidade. R umo a paraísos desconhecidos ou a um lugar que te presenteie com energias positivas. I r à redescoberta do que achavas ter perdido: a paz; a reconciliação contigo e com ou outros. A braçar tudo e todos, porque um abraço não tem preço e é remédio santo! S aborear o instante sem ligar a horários. Fazer uma PAUSA para gozares as TUAS FÉRIAS! ( Celina Seabra)
Perdão. Anseio por perdão. Quero deixar de VER e OUVIR. Sem estes sentidos poderia ser Feliz. Cobiça, Ciúmes, Raiva, Dor... Carvão para te queimares. Igual a vela que não se colhe durante a tempestade. Naufrágio cerebral. Inquietude corporal. Explosão! Viras tição! Geras desunião. Vem,brisa! Sopra para bem longe este negrume que arde e inflama a essência que criaste em Ti. Concentração. Respiração. Inspira... Expira. Um, dois, três... inspira. Um, dois, três... expira. Relaxa. Toma consciência de que és Inteligente e boa. Sorri. Descontrai. Essa Dor vai passar a ser, apenas, uma pequena dor. INSPIRA... ....EXPIRA. Concentra-te em Ti. É em TI que está TUDO. Vive! Ama! A Mágoa vai passar... ( Celina Seabra)
Hoje sou feliz. Porque não ontem? Porque não amanhã? Porque te chamam FELICIDADE se não és constante? Que sensação é essa que te invade por dentro e te faz sorrir, cantar e sonhar? És arisca, jogas ao esconde: “ Vê se me apanhas!” Traças caminhos que passam a labirintos e ouço-te rir. Troças de quem te busca e foges-lhes como a areia que escorrega entre os dedos. Deixas que a outra sensação, a nuvem que se encobre nos arbustos altos que trepam o teu labirinto, me encontre, me assuste e me destroce, tantas vezes. Não vês que me atormentas? Não te apanho. E quando te encontro é porque me apanhas desprevenida. És a borboleta que entra mansamente pela janela que ficou aberta… Mas a sensação que me invade é boa, muito boa e faz-me feliz. Matas-me, momentaneamente, a sede, quando o que desejo é essa fonte dentro de mim. És o antídoto perfeito para a minha tristeza que não tem nome. És o xanax que adormece o turbilhão que se forma inexplicavelmente dentro de mim. O...

Pedinte

Velha. Mulher de idade avançada. Antiquada. Decrépita. Envelhecida por dentro. Murcha. Velha jovem: insatisfeita, quase nada, meio termo, promessa quebrada... Era uma vez uma menina sonhadora que acreditava em viagens fantásticas e em finais felizes. O sonho perdeu-se. Ficou perdido lá longe numa alma que se fechou. Virou concha, mas vazia. A pérola que tentaram lapidar virou espuma e a espuma desapareceu. O rio lavou. O tempo não parou, mas a menina deixou de sonhar. Dentro formou-se uma pedra e não soube como contorná-la. Dentro vive um ser destruidor, corrosivo, tentador e voraz ... Nada o satisfaz. Dentro pulula um medo indecifrável que afogueia. A lava espalha-se por ali e queima, incinera a voz que deveria cantar e louvar o Bem. Esqueceu os Outros. Centrou-se em si. Embrulhou a mágoa, os ciúmes, a inveja e fez-se Insatisfação. Se encostares o teu ouvido ao seu coração, talvez ele derreta. Se souberes as palavras certas, talvez o sofrimento se deixe lavar em ...

15 de julho

Há dias felizes. Simplesmente felizes. O amor surge espontaneamente. As palavras brincam nos teu lábios e lembram cisnes brancos que dançam graciosamente naquele lago mágico em que se transformou a tua essência.  E a fluidez desse exercício entra por ti a dentro , acalma a mente e estabiliza as emoções. O cisne negro afasta-se. O misterioso, o incógnito, o medo desaparecem. Os ruídos dos pensamentos e dos sentimentos anestesiam-se e estabilizas as emoções. Hoje o dia foi feliz. A serenidade leva-me e cultiva a minha alma. Hoje morreria feliz... Tive quem mais amo perto de mim.  São eles a ciência da serenidade na minha vida. ( Celina Seabra)

Alma

A televisão, o cinema, o teatro trazem magia. Musicais entranham-se por todos os poros do meu corpo e entram no sangue que me percorre todas as veias. Os sentimentos são múltiplos. São fogo de artifício. Uns explodem de imediato e fazem bater mais forte o coração. Outros entram pela visão em forma de palmeira, de crisântemo e de salgueiro e contemplamos extasiados as estrelas que caem sobre a Terra. Outros são tão brilhantes e tão exóticos que nos fazem chorar. Um choro pequenino que brota dentro de ti. E nesse momento sinto que faço parte daquela ilusão. Também eu sou utopia e outrora fui maga, bailarina, mezzo-soprano, atriz, escritora... E em mim vivo uma paixão que não é real, mas é essa que me faz vibrar. Danço em pontas dos pés e há ritmo e harmonia nos gestos que traduzem os cinco sentidos. Canto e sou soprana e vivo a história de amor de O Fantasma da Ópera . Sofro com a pobreza de Cosette e a bondade de Jean Valjean em O s Miseráveis . Fantasio-me de Rei Leão. Vibro com...

Do lado de lá do espelho

Hoje senti saudades de MIM. Passei para o outro lado do espelho e não encontro a porta por onde passei. estou presa num labirinto e falta-me o fio de Ariadne. Não há Minotauro que me ameace. Não há fantasmas que amedrontem. Perdi-me e não sei como voltar. O lado de lá do espelho prometia-me a Felicidade. Só teria de beber da sua fonte. Não a encontrei. E continuo perdida neste labirinto interior onde me falta a Luz. A voz " Decifra-me ou eu te devoro" atordoa-me por estes corredores infindáveis. Fujo de um Monstro que não existe: o Vazio da minha Alma. Almejo Sol e entristeço a Essência. Busco o autoconhecimento, mas faltou-me o fio para me encontrar. Perco a vitalidade e a energia e não encontro o Outro lado. " Conhece-te a ti mesma!" - clama a voz que ouço do lado de lá do espelho. Mas as emoções toldam a Razão e o Cansaço de por ali ficar, fustiga o anseio de fugir. " Decifra-me ou eu te devoro!" - persiste. Tudo é um enigma. Eu sou o eni...

Depressão

A força, o empenho, a autoconfiança, a determinação, o otimismo, o sonho que transparecem nas palavras que Te ouço são pedras no charco em que me transformei. Inveja? Falta de Fé? Baixa auto estima? Amor-próprio em queda ? Depressão? Não sei... Só sei que um vazio habita a essência de que sou feita. Falta-me brio pelo meu eu. Alguém quebrou o espelho que me diria " és a mais bela"... Porque não acredito? Porque tenho Medo? Sentimento de inquietação. Fobia social. Apoquentação. Asfixia... Monstros que vivem em mim. ( Estrelinha)

ESPELHO

Não sei ser triste a valer. As lágrimas esfregam as mágoas Que se acumulam à volta da emoção. A voz traduz, por hábito, a tristeza que faz de mim fraqueza. E é teimosa. Quando se senta ao meu lado é para ficar. Traz algemas e prende-me ao vazio e à falta de noção. Deixa-me cansada. Abri-lhe demasiadas vezes a porta e ainda que a tranque, há sempre uma janela que se abre e a deixa passar. Insiste em fazer-me companhia. Desfragmenta-me em vidrinhos que perderam o brilho. De vez em quando construo com eles poemas tristes. Descuido-me e há sempre algum que abre o que era cicatriz. E o sangue corre livre. É o alerta para não continuar. O espelho há- de permanecer assim: fragmentado. ( Celina Seabra) Dia 19/06/2018

PANDORA

Sou lua. Tu és o Sol. És magia, brilho e sorriso. És caixinha de surpresas incrustada de joias singulares. Eu sou pandora. Fiz-me enigma… Mas sou tão fácil de ler… Outrora fui epicentro e o sol girava à volta da lua. Hoje sou a tua sombra. Invejo o que não sou e odeio a mancha com que mascarei o meu caráter. Sou tão fácil de ler… Mas guardei o sorriso num baú antigo. Perdi-lhe a chave e o ferrolho empedrou. E falta-me a força para o quebrar. Receio as teias que se misturaram com o âmago que ali encerrei. E talvez não reste esperança. Sou lua e não possuo luz própria. Mas sou tão fácil de ler… ( Celina Seabra)

Abraçar custa tão pouco

Dá-me um abraço e encosta o teu coração ao meu. Vê como bate em sintonia com o teu. És meu porto de abrigo. Teus braços são o ninho que me protegem das tormentas que ficam fora dos muros onde sou feliz. Embala-me e sê o meu anjo da guarda. O pulsar dessa caixinha de vida que és Tu, tranquiliza e anestesia a ilha apreensiva que construí em mim. ( Celina Seabra)
I ncompreendida, assim me fiz. Castelos loucos têm sido derrubados. Loucos porque acreditava ingenuamente na entrega, na aliança de 1+1 somarem dois. Devoção, comunhão, partilha… em troca, nada! Imaginei-me anjo, moldaram-me demónio. Pedi verdade, recebi mentira e fingimento. Eu não sei fingir – ou não sabia fingir. Procuro o Anjo que, talvez, ainda exista em mim. Despertam-me o demónio, a ira e procuro a esquivança. Riem-se do conselho, da advertência, da verdade. Troçam da sinceridade, da franqueza, da instrução, da competência. O “ vil metal” turva a razão. A palavra aprisiona-se na garganta. …………………………………………………………............................ Mas há um lugarzinho especial onde sou feliz. É ali que ainda, mora o Anjo que me desenhou. O mundo rabiscou a imagem da perfeição. Perdi as asas. Ganhei correntes. E sinto falta da bondade e da gentileza que moravam naquele olhar que acreditava nos Outros. Passei a ser como o Outro. Por vezes, apenas, a borra do café que ...

Meu coração

Dentro da gaiola fechada bate aquele coração, tem o tamanho de um pulso mas desejos de um campeão. Seu cantar soa a lufada, balada que sob impulso lhe permite altos voos Porém, enlaça-se a corrente dourada. As cadeias que o prendem facilmente se desprendem...  é passarinho medroso, hesitante, meticuloso. Teme perder as asas, perder-se por alta estrela que do Céu constante o chama. Vê cilada que se trama na liberdade que o reclama. Não pertence a este mundo. Seu viver é o de um moribundo. Algo mais alto o alicia... Parece-lhe haver malícia. Vive em gaiola de prata,  chave e cadeado lhe pertencem Mas os medos sempre o vencem. Pobre coração solitário, refugiado entre muros És teu próprio adversário. Poderias ser dono da Fama coroar-te de glória sentes-te pobre, pequenino inventas-te criptograma. Quem o decifrará? "o futuro a Deus pertence" Coração caprichoso egoísta e orgulhoso. Abraças  a emoção Recusas a Razão. ( Celina Seabra) ...

Crisálida

Este casulo em que m´encerro protege-me dos olhos do mundo. As horas não passam. O tempo é de encantamento. Despida de preconceitos, não ouço a malícia dos Outros. Aqui sou Eu, sou a princesa, a fada que não teme tempestades, porque o seu voo é raso e sem curvas. Despida de anseios, afastam-se os pesadelos. Vestida de humildade, afugento o olho ambicioso. Nada importa do que está para além da capa protetora que é a minha crisálida. Silêncio, paz, alegria, é tudo o que eu preciso. (Celina Seabra)

Eu e os Outros

Feitos da mesma matéria Distintos nos feitios Moldes imperfeitos que buscam o infinito e a perfeição, Sou eu, és tu peças de um xadrez em tabuleiros desiguais. Peões entre Bispos inquisidores, Reis megalómanos e Rainhas de cristal. Xeque-mate. A vida troca-nos as voltas.  (Celina Seabra)

Pensamento

Pensar: olhar para dentro de ti. Meditar, silenciar, refletir... Repensar o que ficou gravado na caixinha que te guarda o Tempo que já passou. Pensar: verbo amigo, ora do silêncio - Purificador do espírito... Ora vigilante do que te negas a enfrentar. Pensar: sorver cada reminiscência que pensavas esquecida. Álbum de recordações... Penso na linha que separa o racional do que era mais fácil ser: esquecer. ( Celina Seabra)
Primavera de lindas flores. Princesa dos odores inebriantes. Deusa da fecundidade. Mãe amorosa e acolhedora. Colo das avezinhas. Senhora das manhãs claras vestidas de oiro. Talismã rejuvenescedor. Rainha de Noto e Zéfiro. Meu bálsamo apaziguador anseio pelo teu brilho minha terapia natural ombro da minha sanidade mental. ( Celina Seabra)

Presente do indicativo

Há olhares que entram por dentro de nós e invadem-nos a  alma. São tão prescrutadores que nos fazem chorar. Há silêncios que soam a música e a afagos. E tenho receio de os deixar ir. Há toques que apesar de recentes, já eram familiares. São detalhistas, esmiuçadores sem serem maliciosos. Há raivas que se contém quando o desejo é contestar... até esbofetear. Há olhos que não cruzam os teus: têm medo de ver, pois podem perder a insolência. Há gente que transforma em abrolhos o caminho dos outros. São pedras retorcidas, enviesadas, que esqueceram o Escultor. Há palavras que nunca são música. São gotas de chuva. Há amores que nunca se entregaram. Entre eles a vidraça açoitou o encontro. Há irmãs que já se conheceram. Hoje mascararam os sorrisos. Há mãos que anseiam por uma comunhão solene, mas o mundo permanece surdo. Celina Seabra

Gasta

J á gastei todas as palavras que tinha para  vos  convencer. Vi, ouvi, percebi. Indaguei, pedi, resolvi, não resolvi. Fiquei repentinamente muito cansada... Arrastei as minhas tentativas demasiado tempo. Saí ferida, vencida e, ainda, mal convencida. O tempo não perdoa. Os planos são demasiadas vezes interrompidos. Sinto-me vazia. Dentro de mim uma sombra arrasta o cadáver ambulante que me sustenta. Estou cansada... Cansada de Ti, de Vós, até de mim. Agora, aguardo o amanhã. Talvez as nuvens se dissipem e faça, de novo, sol. ( Celina Seabra)

Rei sem trono

Sem a escrita a minha vida não teria sentido. Seria alma enrugada, amachucada, embrulhada para dentro. Escrevo para falar o que não digo aos outros e aquilo que não sabem ler em mim. Escrevo para crescer na intimidade com que me aproximo da palavra. Escrevo para soltar o pássaro que se perde na gaiola à qual se acomodou. Escrevo para libertar a raiva, o terror, a revolta que me torna monstro. Escrevo para educar a Razão, para a libertar da Emoção. Escrevo para marcar o meu lugar, para brasonar o meu sangue que imagino eterno. Escrevo para pedir perdão. É a minha orientação para to pedir a ti. Escrevo sob inspiração, contra a Razão que me impõe um fim. Este é o meu legado. Íntimo, pobre, por vezes, pensado. Mas é a recompensa deste meu reinado. Com um único trono: o de um coitado. ( Celina Seabra)
Hoje mergulharia na água límpida deste rio que se espreguiça ao longo da cidade. Entregar-me-ia ao abismo, ao esquecimento, à evasão.

Um dia

Um dia destes vou com o Tempo. Quebro as algemas que me prendem ao inútil  e parto. Pertenço a um pequeno canteiro de flores temporais. O jardim é grande e a flora variadíssima. Não notarão que fui. Porque a primavera há de sempre brotar. ( Celina Seabra)

Primavera

Cor. Muita Cor é o que desejo hoje. Luz, paleta de um pintor, para assim salpicar o cinzento do inverno que se despede. Vai para longe. Emigrou para outras paragens. Arrasta consigo o seu capote de tempos infinitos.  Parece cansado. Suas pernas gostariam de ficar. De confraternizar com a primavera. Mas o relógio do Tempo não se atrasa. E o Mundo aqui parece aborrecido. Tanta chuva! Ao longe ainda avista a magistral primavera. Nutre por ela uma paixão platónica. Ela está no seu auge. Menina-donzela, radiante, fresca, colorida! Não envelhece, a primavera. Mas, também,... acabou de brotar, de nascer de novo. O seu rosto irradia luminescência, Toda ela é graça e cor. Os seus vestidos pintalgados de flores, árvores, ninhos, aves, são a coloração da Vida que desperta. No seu ventre traz a bonança. Nos seus braços o Amor. Nos seus olhos as estrelas da manhã e nos seus cabelos os diferentes odores que convidam a segui-la.  Quem a vê, rende-se-lhe. Torna...

Deixar-me ir...

S audades de quem não me quer. Saudades de tempos imaginários. Angústia que se desconhece. Solidão que teima em sobreviver. Sorrisos que se desenham... pura simulação. Desejo de estar triste. Masoquismo egoísta. Inglória do presente. Esquecimento eterno. Melancolia que não se apaga. Cansaço que se entranha... Nada fazer. Nada ser. Deixar-me ir. ( Celina Seabra)