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Mensagens

A mostrar mensagens de 2020

Instante

 Planos. Sonhos. Mágoas. Depressão... Euforia. Planos...  E de repente, sem aviso, sem compreensão,  ALGUÉM nos tira o tapete  e ficamos sem chão. Foram-se os planos. Aumentou a tensão. Já não há tempo para o perdão nem para recuperar a Vida, o alento e a exaltação. Somos uma mão cheia de nada... Somos Tudo e, ao mesmo tempo, um sopro que se apaga. Somos hoje na Terra,  amanhã em terra...  e depois Nada. Só, Instantes. (Celina Seabra)
 Hoje estivemos tão poucos, mas soube-me a muito. Aquela Paz que, por vezes , se esquiva, esteve sentada ao meu lado. Partilhámos silêncios e sorrisos que só o coração percebe. Captei sons que só os sentimentos detetam. O bocadinho soube-me a manjar dos deuses e senti que os Anjos celebravam ao nosso lado. Ser feliz é estar assim, quieta, e observar o sorriso que brota dos lábios que amo. Feliz Natal! (Celina Seabra)

Meditação

 Criança de ontem, por onde andas? O que contam os teus olhos decorados de rugas? Que histórias relatam as mãos com que construíste a vida? Onde guardaste as lágrimas que nem sempre escondeste? E os risos, ainda os guardas no tesouro das tuas memórias? Às vezes, vejo-te espreitar para dentro do livro que redigiste e roubo-te um sorriso escondido e um  suspiro nostálgico... Guardaste a saudade num cofre que só tu abres... Por vezes, debruças-te à janela e desfolhas as mágoas que secaste, para hoje as deixares partir sem  sentimentos.  Foram-se... O tempo passou por ti, mas trajou-te de recompensas. Continuas íntegra e fiel aos teus princípios. A maldade fez-te vacilar, mas a Bondade foi a tua segurança. A tua insegurança face ao amor fê-lo brotar puro, na tua aceitação. As amizades certas, ruíram como um baralho de cartas colocado na vertical. Fizeram-te perder tempo  com falsas esperanças. Desapontamentos que se desataram com o tempo. Porque o tempo tudo cura, ...

Criança triste

 Criança que olhas mais além, temo os teus pensamentos e a tua evasão. Não brincas, não te limitas a ser,  a fazer só, simplesmente,  sem pensar... Não és criança,  ainda que o teu corpo o seja e as primaveras que carregas lembrem o mundo. Temo o teu silêncio e o teu olhar triste, que questiona o Futuro que ainda não é teu. É um olhar sem sorriso, infeliz, e até, vazio. Em ti paira já a doença da época:                                                              a depressão,                                                            a tristeza inexplicável,              ...

Matematizando

 A matemática faz-me lembrar um comboio de algarismos e símbolos. Os equivalentes (<=>) são os engates que ligam as carruagens. Os denominadores  as rodas que mantêm a máquina e os compartimentos nos eixos. Por baixo, as frações reduzidas ao mesmo denominador,  simulam as linhas férreas, o equilíbrio, a resistência que não deixam vacilar  aquele complexo mecanismo e seguros podemos nele viajar. Os sinais permitem o confinamento físico neste tempo de pandemia e os parênteses, muitas vezes diferentes, solucionam uma breve companhia. O terminus resultará da coordenação de quem vê na matemática a grande solução! (Celina Seabra)

Ímpares

 Somos ímpares, não tenhas dúvidas. Os genes nem sempre ditam a verdade. A caixa que alberga seis ovos pode, aparentemente, parecer ser a mesma, mas lá dentro o ovo varia conforme o tamanho e a surpresa que nele esconde é surpresa, ainda. Só quando abres o invólucro reparas na diferença e, por vezes, mínima, e ainda assim, é ilusão. A textura varia entre o sedoso e o rugosos e já marca diferença. O formato redondo ou mais achatado nos pólos podem distrair-te. Antes de olhares a gema e a clara que a envolve, já vês distinções. E ainda não abriste o ovo. Pequeno ou grande já gera vacilação quando o importante está na revelação. A  primeira impressão nem sempre acerta a opinião. Observar, sentir, ouvir e estudar é meio caminho para acertar.  (Celina Seabra)

Orar

 Orar afasta todos os meus medos e fortalece a minha alma. É a minha forma de começar o dia. Alerta, avanço ao encontro do que não conheço, mas não vou só. A presença Divina acompanha os meus passos e é  minha companheira de viagem. É a minha lucidez e o meu sedativo racional. É o meu início e o meu términus. É a minha salvação e o meu perdão. Oro porque desconheço o depois e a minha confiança vacila se perco a minha Fé. Oro porque é a minha primeira atitude para cuidar dos que amo ao longe... Entrego no instante o Amor que tenho pelas Flores,  que são a essência na minha vida. Orar é a minha forma de cuidar, sabendo que, também, Alguém cuida de mim. (Celina Seabra)

Aguarela

 Todas as dores são definíveis? Que escala usarias para a tua? Que dor entranhas e finges não sentir? É  a física ou é a psicológica? É a que te faz contorcer o corpo e torna a tua existência um fardo, porque o mal já se espalhou e a ciência não tem resposta para ela?  Ou é aquela indecifrável, a que aparentemente não tem sentido,  a obscura que parece arrastar-te a alma numa suplicante agonia? Mantém-na oculta e acentuas a solidão - podes crer. Já a traduziste e não encontraste solução. - Dizes. Já a gritaste, mas o céu perpetuou-a no eco do universo. As tuas lágrimas não voltaram a comover quem te ofertou o seu ombro e acabaram por  secar no labirinto que em ti construíste. Busca o fio de Ariadne! Evita a perdição! ( Ainda escutas ao longe. É a tua razão.) A dor esgota-nos. A dor consome-nos e é cancro em grau avançado. Parece não haver medicação. O sol foi-se e o teu mundo pintou-se de preto e branco. Há sombras nessas paredes que, ainda, teimas em tactear. N...

Pequenas dores

  A minha pequena dor será, também, a dor que tu ocultas. É aquela que guardamos dentro do coração, longe dos olhos dos outros, presa nas pestanas que curvas e escondem a lágrima que tremula. É a dor de quem quer ir mais além e sente, por vezes, o cansaço atravessar-se no caminho. É a perda de equilíbrio sem chegar ao chão, O sobressalto que faz pular, momentaneamente, o coração. Fere sem te fazer sangrar; é espinho que se atreve a maltratar e que passa com um beijo que sabe a sopro de luar. A minha pequena dor só eu a sinto e sei que só o tempo a poderá cicatrizar. (Celina Seabra)

O Fantasma da Ópera(The Phantom Of Opera) Legendado PT-BR

Anjos também caem

  Há quem nasça para fintar a vida, esquecendo-se de que existe morte. Vivem a 100 e desobrigam-se dos deveres. A sede é a de viver sem medir consequências e sofrimentos. A adrenalina explode pelos poros e há uma entrega aos prazeres individuais. O corpo é um motor de aceleração para se experimentar o êxtase. Nascem com asas e a vida torna-se deslumbramento… Mas esquecem que os anjos também caem.   (Celina Seabra)

Pensamento para a semana

Vai e não olhes para trás. Não temas o caminho que se abre de novo em flor. Exala o perfume e colhe os frutos no momento certo. Não te apresses nem nada anseies. Não precisas de correr,  caminha em paz e observa a paisagem que antes não avistavas. Frui a novidade. Escuta a Vida que te chama. Sair da tua zona de conforto é renunciar ao comodismo e vencer o medo. Falhar assusta-nos, mas quem nos manda premeditar aquilo que ainda não aconteceu? Imaginamos cenários possíveis, e não abrimos a porta ao desconhecido porque tememos o lado de lá... Mas o lado de lá, por vezes, é o passo certo para te tirar de cá. Viver é já por si um risco, por isso nada temas. Aceita as novas oportunidades e gratifica-te. (Celina Seabra)

Eram três

Eles eram três. Deus uniu os seus destinos para os desconstruir, passados alguns anos. Eram três e passaram a ser dois. A mesma dupla. A díade que Deus consagrara, colocou-os, novamente, frente a frente. O caminho estreitara-se. O roteiro passou a ser outro. Novas buscas. Novo itinerário. A busca da salvação. Era preciso entrar nos eixos da linha que os dois traçaram, porque haviam experimentado serem três. Deus desconstruiu. Áurea manteve a sua serenidade. " Faça-se a tua vontade" - parecia dizer. E eu admirava-a por isso. Por essa aceitação sobre-humana. Coragem de mulher que se agarrou a uma auréola que desconheço. Candura fundida com o conhecimento da aceitação plena. Anagrama que não desvendei, mas deslumbrava-me. Eram dois, então, mas voltou a ser um. A viagem prosseguiu para  a Áurea que ali ficou. Dor?  Só a certeza de que voltariam a ser três. Eram três... Hoje não resta nenhum. (Celina Seabra)

O meu abraço

 Haverá melhor coisa que um abraço verdadeiro? Sinto falta deste aconchego porque sei quão especial é para mim. O teu corpo tem a dimensão exata para o abarcar e embarcares nele.  Os teus braços são duas asas de anjo que abotoam as tuas necessidades e te dão prazer.  São consolo que afagam as dores e atenuam as saudades. São asas enérgicas que transbordam luz e acalmam as lágrimas. São pilares que te sustentam quando vacilas. Amo os teus braços e , ainda mais, os teus abraços que se fecham ao meu redor e me fazem só tua. São a garantia que expurga a solidão. São união, proteção, circuncisão, cura e a embarcação para o perdão. Amo o abraço forte, aquele que te diz " estou aqui", " senti a tua falta", " gosto tanto de ti!" É o elo que me mantém presa a ti. É a intimidade que se comunica sem palavras. É o instinto que oferecemos a quem queremos. É o milagre que dissolve as nuvens que encobrem, tantas vezes, o sol.  É a sensação de um novo fôlego.  É o desaper...
  O tempo passa e tu contas os anos. Os teus aniversários sucedem-se e quando olhas ao espelho já não vês o reflexo da menina de outrora. Envelheceste por fora. As tuas mãos, que são criadoras, deixam transparecer sulcos que desconhecias. É o tempo a avisar-te da tua efemeridade. “Hás de passar” – diz-te. “E eu hei de guardar histórias de ti. Talvez as vejas escritas nas memórias de quem contigo, de alguma forma, comungou dos teus pensamentos, dos teus dizeres, dos teus avisos e, até, dos teus despropósitos.”   Serás átomo ou pó neste universo sem fim. O tempo passou por ti, bem vejo. Mas vejo, também, a menina tímida, curiosa e a sonhadora. Ouço as cantigas que ecoam dentro de ti. Ouço as histórias que amavas ouvir, para depois contares e surpreendo no teu olhar as nostalgias e as alegrias da juventude que não se deixa prender. Pressinto os teus temores disfarçados e sinto saudades de não ocupar mais os teus abraços   e o teu colo acolhedor. O tempo deixou-te cabel...

Estranheza

  Hoje estás. Amanhã, quem sabe? A tentação é olhar para trás e perder-se no caminho que não voltas a trilhar. É poeira. Ilusão ótica e cria ansiedade. É estranho não teres estrada para pisar. É estranho deambular sem questionar. É anestesiante caminhar em desencontros. Para trás ficou tudo e nada. Tudo porque seguias sonhos lúcidos e, a teu favor, havia consciencialização… Nada, porque abruptamente regressaste ao mundo onírico e tomaste consciência de que sempre estiveste a sonhar. (Celina Seabra)

Building a portfolio with Bieke Depoorter

Vive!

 Um dia estamos felizes, certos do presente e sem medos do amanhã. Noutro chegam as dúvidas, as surpresas, as angústias, e a muralha que fingiste construir ao teu redor, afinal não é mais do que um baralho de cartas ou o dominó que empilhaste certeiramente e, por descuido, lhe tocaste e cedeu. Somos Tudo e somos Nada, num momento só. Guia-te a persistência que Tu chamas de Esperança. É o teu archote olímpico que como atleta te impões a levar até ao fim do jogo. E enquanto estiver empapado de breu, o teu caminho permanecerá dentro do teu olhar. O jogo continua, por isso está certa de que a tocha se elevará, se não for por ti, por outro campeão que não teme viver. Por isso, põe candelabros em todas as paredes da tua essência. Mantém a fonte da Fé iluminada. Limpa as teias sem destruir a persistência da aranha que tece meticulosamente o seu campo defensivo. Não baixes os braços, nem percas de vista as estrelas que iluminam o teu caminho. Mantém a tocha elevada e sê exemplo de vida. Nã...

Deriva

    Há dias em que andar à deriva é tudo o que te resta. Sem rumo, sem objetivos, ao deus-dará,   é assim que vagueias… Sem querer, perdeste a tua bússola ou aquilo que supostamente te orientava. O caminho que te era conhecido embocou num trilho que agora te esmaga os sonhos que te afoitaste em realizar. Os teus pés parecem pisar duas calhas abobadas por onde gira o comboio da vida. Desceste na paragem errada? A partir daqui a cortina do futuro encobre a razão e só te resta adormecer com a in certeza (ou certeza) de que voltarás a entrar na carruagem que a ti pertence. (Celina Seabra)

Vai de retro...

 Ai, Jesus! Que confusão! Que corrupio! Que instabilidade! Que tumulto há em ti, e que tempestividade! Deus me livre e acuda!!! "Vai de retro," Longe de mim a infelicidade e toda essa insanidade! Vai de retro, a solidão, Que tortura! Que escravidão! Sobe e desce; desce e sobe e começa o turbilhão! Sentimentos em ebulição! E a tua vida em suspensão! "Vai de retro" a inquietação! Venha a nós a salvação! Que horror e que isolofobia viver em constante pandemia! Que desassossego, que inquietação, viver nesta horripilação! Vai de retro o mau-olhado Dedo duro e bem orientado, vai de retro, desafortunado! (Celina Seabra)

Tomara...

 Tomara não saber nada. Tomara não ter pensamento para não ter consciência. Tomara não estar doente dos olhos para poder ver com naturalidade. Quem pensa em demasia põe o seu próprio mundo em conflito. Quem não vê com o coração cria cataratas nos olhos da alma. Por isso, tomara não saber nada! (Celina Seabra)

Tonturas

 Pressa! Tenho pressa de correr à frente do tempo. O coração acelera como se a maratona já tivesse começado há horas e eu cheguei atrasada. Sou o coelho da Alice que aparvalhado corre, subjugado ao relógio que não pára... Tonturas. "Não tenhas pressa!" - ouço. Desacelera o passo que te atrapalha e usufrui do agora. Amanhã, talvez, não chegue nunca. Amanhã é só um advérbio temporal e ficcional... Habituámo-nos à roda-gigante e deixou de ser  um joguete humano. Transformou-se em roda da vida, roda da fortuna, roda-dos- altos-coices, roda dura de roer, roda enguiçada,  e a vida passou a ser uma roda viva. E enlouquecidos furamos caminho como se o futuro fosse o mais importante. "Não páres! É tarde! É tarde!" Roleta-russa que acabará por te matar.  "Olá! Adeus!" E a vida é esse adeus. Um aceno que se dilui na memória do tempo que continua a girar. (Celina Seabra)

Quiçá

 Melhor seria ter coragem para partir e trilhar caminhos separados dos teus. Talvez precise de olhar só para as minhas pegadas sem pensar que outras seguem a meu lado. Quiçá precise de me achar a sós com os meus pensamentos e o turbilhão em que se encontram. Perdi o fio para os desenlaçar e a imagem é surreal. Porventura, perdi-me há muito tempo nesse caminho feito de melancolia e abismos. Preciso de recomeçar. Preciso de um reencontro a uma só alma:  a minha. Quiça consiga a proeza de me reconciliar comigo mesma. (Celina Seabra)

Desencontros

  Um mesmo mar e duas embarcações - somos assim. Remamos tantas vezes em correntes contrárias que até já lhes perdi a conta! Eu sou a tempestade, o vendaval que sacode o meu e o teu  barco. Eu sou o trovão destruidor que ilumina a noite que se torna medonha! Sou a Destruição. Tu manejas a tua embarcação e usas o arpão para ludibriar a fera. Não temes seres abocanhado. "Muito roncar e pouco fazer" - sabes que assim é. E "pela boca morre o peixe." A tempestade passa. Foi-se a rebentação. Ficam as palavras loucas, os relâmpagos secos que destroem, queimam, incendeiam... Mas desce sobre o nosso mar a acalmia. As canoas reencontram-se de novo, Até quando, ainda não sei. (Celina Seabra)

Loucura

Foi-se embora a minha Loucura. Ontem era prisioneira sua. Hoje, liberta das suas garras que me amedrontam, caminho dentro da Razão. Temo a fera que se aninha inexplicavelmente dentro de mim. Ocupa um território que é meu e que desocupo porque me destrona. Temo as suas depressões, as suas fúrias repentinas, o seu masoquismo que me flagela a consciência. Deixo de ser eu, sem deixar de o ser, porque não lhe consigo escapar. E magoa-me o entendimento. E dói, dói e cresce a vontade de sacrificar-me. Todo o heroísmo passa por imolar no altar da vida a insensatez de passar o impossível. Minha Loucura arrasta no seu manto as minhas ansiedades, os meus gritos mudos, as minhas revoltas por vingar, as minhas paranóias e a minha diferença… Não me dou conta e abro-lhe a porta, como se acordasse e abrisse repentinamente os olhos para o dia que só começou porque me consciencializei do seu início. Ocupa todos os meus compartimentos e eu fico pequena para albergar a Loucura que mora...

Metamorfose

Às vezes os dias parecem não ter sentido e parto numa demanda para a descoberta pessoal. Temo o silêncio que ouço em mim. Os pensamentos acabrunharam-se e procuro a sensatez e o brilho da ideia que me torna especial. As palavras ficaram suspensas e desordenadas e o silêncio permanece. Não há dor, nem raiva, mas falta a espontaneidade da alegria. A vida materializou-se e o que me impulsiona são os sentidos que teimam em ficar adormecidos tal "besta sadia". Mas luto contra a dolência e busco o discernimento, a clareza para explicar a quimera em que vivo. Depois concluo que é nas asas da imaginação que eu me realizo e sou feliz. Não é uma fuga ao mundo, é antes um ritual de preparação para o fortalecimento social.  São formalidades pelas quais se dá a metamorfose. A minha. (Celina Seabra)

Pensamento do dia

Fosse eu boa e seria capaz de perdoar quem não sabe perdoar. Mas sou imperfeita neste todo que construí em mim. Calo as palavras só para fingir ações e minto. Poluo o jardim a que pertenço e as flores murcham por sede da verdade. (Celina Seabra)

Farpas virtuais

Passam por ti tantos pensamentos, tantas questões, tantas dúvidas que reviram o teu mundo ao contrário. A vontade é vociferar e vomitar tudo o que ficou embrulhado naquilo que começa a ser um túmulo vivo. Depois verificas que o mundo prefere a mentira e tu voltas a fechar-te a sete chaves  deixando, mais uma vez, o lixo que a dor, a raiva e a vontade de dizer depositou em ti. Talvez, com o tempo, ele apodreça debaixo desse tapete que coloriste para poderes florir. Talvez, com o tempo, se transforme em fruto de bondade e possas expurgar-te das farpas que, até então, foram sempre virtuais. (Celina Seabra) (foto Google)
Quando esta tristeza estranha vagueia ao teu lado sem razão para tal, escolhe o degrau mais alto da tua casa e aprecia o céu. Há grandezas que são inexplicáveis, mas estão cá para te agradarem. Há silêncios que não precisam de explicação e são consolo. O céu é o infinito, sem princípio nem fim. Espelha-te nele e serás Cosmo. (Celina Seabra)

Prometo

Prometo não voltar a ceder a quem não olhou ao esforço que fiz para superar o orgulho. Depositei-o aos meus pés. Deixei que secasse a coroa de espinhos que o cercavam, porque acreditei que a vida não é mais do que um sopro e a soberba é a arma dos injustos. Não pensei que fosse tão difícil, mas libertei-me das correntes que me atrofiavam a alma que deve manter-se pura e, assim, pude encontrar paz. Não volto a vacilar e prometo não te olhar mais nos olhos, porque não têm o encanto dos girassóis. São névoas que encobrem o sol que me faz brilhar. E desse sim, preciso dele para sorrir. Por isso, vai! Leva contigo as nuvens que desmancham a aguarela perfeita Adicionar legenda que sou eu! (Celina Seabra)

Pensamento do dia

Perdoar não é fácil, acredito,  mas aquele que nunca perdoa será alguma capaz de reconhecer a modéstia? Orgulho e prepotência são armas dignas do guerreiro que não mede a fins para destruir quem considera seu inimigo. Mas quando o inimigo faz parte do exército que o acolheu, a força organizacional,que é família estruturada,  estará condenada ao sacrifício. (Celina Seabra)

Fingimento

Há olhos que escondem a dor que lhes vai na alma e continuam a sorrir.  Fazem-nos acreditar que o mundo é perfeito e que eles se encaixam totalmente nele. São olhos mentirosos, bem sei.  Habituaram-se a fingir e fazem-nos acreditar que a força da natureza permanece neles. São olhos profundos que nos convencem a olhar na mesma direção, acreditando que vacilar é próprio do ser humano e que os obstáculos estão para serem ultrapassados. Dizem-nos que devemos perseguir os nossos sonhos, pois eles hão de encontrar o caminho... E pegam na nossa mão para que não deixemos de contemplar aquele olhar que acredita em ti e que anseia que tu faças o mesmo..,. E tu acreditas naquele sorriso que encobre uma alma que chora ainda mais que a tua. Sorriso fingido, recriado para uma sociedade que lhe exigiu ser herói. Era especial, edição limitada e não teve coragem de chorar... Engano que iludiu tudo e todos e não te deu a oportunidade de lhe sorrires também. (Celina Seabra)...

Bom dia!

Manhã de Sol, de luz, de brilho matinal, de desejos a realizar sem ambicionar, apenas a projetar e a Viver, a sonhar, Longe do lamentar, Antes o revigorar de que estamos, de novo, a começar! (Celina Seabra)
Desejo maldito de ter o que não podes! Ambição desmedida sem concretização possível! Raiva de não realizares o que tanto cobiças... Querer caminhar mais do que podes resulta na confusão de deitares tudo a perder. É dares passos maiores do que as pernas, cálculos incorretos, vidas desmanchadas. (Celina Seabra)

Ligação perigosa

Eu e a noite somos amigas desconfiadas. Deitamo-nos lado a lado, mas não nos tocamos. Fecho os olhos para que ela não leia os meus pensamentos e me deixe em paz. Detesto as insónias e o nunca mais me deixar ir para aquele mundo que não manuseio conscientemente. Aborrece-me o marasmo de me enrolar em mim mesma para afastar todas as questões que não quero responder… Temo o silêncio da noite que me obriga a acordar, a fugir da cama para escrever ou para caminhar por toda a casa, para que a minha consciência teimosa se anestesie e me deixe descansar. Admiro os que dormem com aquela facilidade de quem boceja e logo se apaga. É o sono dos justos, dizem. Mas eu também sou justa. E também sou advogada e juiz de mim mesma. Multiplicidade de figuras que se confrontam e se desentendem, muitas vezes… Sinto-me castradora do meu próprio sono e invejo os que dormem, reparadoramente, a noite de uma só vez. (Celina Seabra)

Viver sem pressa

Neste silêncio quase mudo, a tranquilidade deita-se ao meu lado e nina-me até adormecer. Sou feliz e, por vezes, não sei. Longe do mundo rejuvenesço por dentro e as luzes da ribalta esvaem-se da mesma forma com que chegam: de supetão! Desinteresso-me do mundo e dos ruídos que, por vezes, nos fazem adoecer. Os interesses alheios são apenas os interesses dos outros. As novidades consomem a nossa espiritualidade e são apenas passageiras. Nada importa nesta aventura que é só minha e dos que guardo junto de mim.   O relógio parou e conto os dias pelos instintos corporais… Viver sem pressa, é esta a oportunidade que o Hoje me dá. (Celina Seabra)

Nós

Já passaram tantos anos que até perdi a conta… Estou a teu lado e só isso importa. Tu estás comigo. Aceitas o que sou. Aceito o que Tu és. Caminhamos lado a lado e isso é bom. Às vezes paro, porque alguma coisa se quebra dentro de mim. As palavras azedam e a paciência ocultou-se como o por do sol. Procuro a oração. É o meu modo de agradecer Tudo aquilo que sou e possuo. Procuro a paz interior. É a minha higienização pessoal. Já não tenho tempo para correr atrás da Felicidade, sobretudo quando é tão difícil defini-la. A Felicidade passou a fazer parte dos meus cinco sentidos: os olhos sorriem e refletem o amor que te tenho; as mãos teimam em tocar-te e abraçar-te; a boca cala-se e prefere beijar os teus dedos, as tuas orelhas e os ombros que suportam as intempéries; os ouvidos habituaram-se aos sons que anunciam a tua chegada e o olfato apura-se para degustar o teu perfume natural. A viagem passou a fazer-se mais lentamente, mas juro que a paisagem é aprec...

Agora

Deixei de ter FUTURO. O AGORA é certo porque Vivo. DEPOIS deixou de ter sentido. A RAZÃO faz-me preparar o que não é claro, porque mecanizaram o meu raciocínio. Os medos permanecem, mas AGORA afasto-os do meu PRESENTE. Não sinto Fome, nem Sede, nem as necessidades mais básicas. Não estou doente, nem sofro, por isso o AGORA é tão fácil de aceitar. A minha vida é um fio esticado na horizontal suspenso sobre um vazio pintado a branco. Equilíbrio é o que necessito, embora nem sempre use cajado e a rede nem sempre lá esteja. O apelo momentâneo é o de “Deixai-me passar! Prometo não ocupar o espaço de ninguém, mas deixai-me caminhar…” Preciso de sobreviver e manter a Família que criei. (Celina Seabra)

Carta da menina mal-amada

- Povo que hoje choras por mim, não o faças mais. Já não é preciso. Agora estou em paz. O mundo perfeito que procurei está à minha frente. Não há castelos de princesas da Disney, mas há campos infinitos e generosamente bem tratados. Há árvores frondosas e flores de todas as cores. Há aves do céu que suportam o meu voo. Há um arco-íris de esperança e há braços que se estendem ao meu redor e me oferecem coroas de flores. São primaveris e brancas tal como as asas que recebi mal aqui cheguei. Para trás deixei os maus tratos, as palavras ríspidas com que aprendi a conviver, os gestos desagradáveis que me lembravam, todos os dias, de que não era bem-vinda. Para trás ficaram os gritos, as bofetadas, as feridas maltratadas, os olhares zangados e os empurrões acostumados... Para trás, ficaram as histórias de encantar que me levaram a acreditar em fadas e em lares e em gente bem formada. Para trás ficou o retrato da menina mal-amada. As poucas histórias que li fizeram-me sonhar...

Pensamento do dia ( despertado pela morte de Valentina)

O céu chorou toda a noite e eu chorei com ele. As lágrimas que caíram sobre a Terra vieram purificar as almas que perderam a Fé. Quiseram limpar o terreno onde caiu a erva daninha e expurgou a mãe natura. Ninguém merece nascer numa Família que não a protege. Nenhuma criança tem de ser entregue a quem não sabe o que é amar. Todas as crianças têm direito a uma Família que as saiba amar. Quem não pode cuidar de uma criança   não pode ser pai nem mãe… Não tem esse Direito! Mãe e Pai cuidam do ninho que prepararam antecipadamente. Mãe e Pai pegam com jeitinho no ser que acabou de nascer e não lhes sai da mente. Mãe e Pai alimentam, física e espiritualmente. Mãe e Pai são lições de vida, são o primeiro quadro onde a criança aprendeu a escrever. Mãe e Pai são um só que se multiplica Sem deixarem de olhar todos na mesma direção. Mãe e Pai são o tronco bem enraizado da família que sonharam construir. Mãe e Pai também vacilam, também duvidam e também se ...